Por thiago.antunes
Rio - O trabalho dos práticos de navios é ainda pouco conhecido. Mas o tema levanta debates acalorados — sempre com algumas distorções apresentadas por leigos ou por representantes de interesses econômicos.
O serviço de praticagem é mesmo notável: 24 horas por dia, 365 dias por ano, práticos estão à disposição para realizar as manobras de embarcações de qualquer porte em todos os portos brasileiros, disponibilizando uma estrutura complexa composta de equipamentos de última geração e pessoal altamente qualificado. Importante salientar: tudo sem qualquer custo para o Estado.
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Automóveis, minério, contêineres, quase tudo passa pelos portos e depende do trabalho dos práticos para entrar ou sair do país. Esses profissionais, naturalmente, são bem remunerados, apesar de não receberem um salário como nas carreiras do setor público.
O desconhecimento da profissão, a grande responsabilidade e a alta complexidade do serviço ajudam a alimentar o mito de que a praticagem no Brasil é “controlada por uma máfia”.
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No mundo todo, os interesses de grandes grupos de transporte marítimo se contrapõem à independência da praticagem. Usando um repertório diversificado, porém vazio, de argumentos, espalham inverdades e incitam o público a acreditar que o acesso à carreira só é possível aos “apadrinhados”.
Os armadores querem, em resumo, duas coisas: pagar menos pelo serviço e, principalmente, controlar as regras do jogo. Se lograrem êxito, os efeitos nas margens de segurança das operações serão diretos e imediatos. Daí a importância de, a exemplo de países como Estados Unidos e Alemanha, manter a praticagem independente e a salvo de interesses econômicos.
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Para se tornar prático, é preciso ser aprovado em uma seleção pública realizada periodicamente pela Marinha do Brasil. Em busca de uma remuneração atrativa e de uma vida bem mais dinâmica que a dos escritórios, candidatos de todo o país concentram-se para estudar e tentar vencer a etapa mais desafiadora do processo, a prova escrita.
As demais etapas são avaliação e teste físico e um exercício feito em simulador de manobras de navios. Qualquer pessoa com curso superior está apta a exercer essa atividade e pode participar do processo seletivo. Basta preparar-se.
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Hercules Lima é prático e fundador do Curso H