Por bianca.lobianco

Rio - Os setores mais responsáveis da sociedade, os poderes da República e a sociedade civil precisam construir pauta comum e centrar seus esforços na direção da paz, segurança e progresso do Brasil. O que temos assistido é a um divórcio entre poderes constituídos e sociedade como um todo.

A pauta do Congresso deve evitar incluir temas que possam parecer voltados à impunidade, à anistia de malfeitos, à proteção de homens sob suspeição. Mesmo que alguns destes assuntos sejam necessários, neste momento soam como inoportunos. A pauta tem de ser as reformas para a saída da crise — e sem demagogia. O povo já sabe que recuperar passa pelo sacrifício dos primeiros anos. O povo foi vítima, mas a falência do Estado é uma realidade.

O desgaste da classe política não favorece a democracia que vivemos. E os políticos, inclusive os que estão no comando do país, parecem não entender que os acontecimentos hoje são observados e analisados com velocidade nos meios de comunicação e nas redes sociais. Não há lugar para espertos e espertezas, é bom lembrar.

Temos prioridades, diria que inadiáveis, como estancar o desemprego que cresce, desburocratizar para atrair investidores, sem os quais não poderá haver empregos, melhorar a arrecadação, dar eficiência no mais curto prazo a Educação, Saúde e Segurança Pública. A paciência popular vem se esgotando pelas falhas nestas áreas.

A transparência nos gatos públicos seria o óbvio ululante, para ficarmos na expressão do saudoso Nelson Rodrigues. É um movimento mundial a luta contra o abuso em relação ao dinheiro público. A grande estadista inglesa Margaret Thatcher disse com propriedade que os governos não têm dinheiro; o dinheiro é do povo, e os governos apenas administram o que arrecadam da sociedade. Este despertar tem derrubado governos e políticos em todo o mundo.

A dinâmica do processo é tal é que já não se pede a ação dos MPs e do Judiciário em geral, mas, sim, a celeridade que é interpretada, e com razão, como fundamental para evitar a impunidade. Um político com mandato ou com foro especial, demorando a ser julgado, é beneficiado com o fim do mandato e do governo que serve. Em Minas, onde as evidências são mais gritantes, o governo passou da metade de seu mandato e nenhum processo relevante, entre os muitos existentes, foi a julgamento.

Estamos chegando ao limite da ordem, da paz social, da credibilidade internacional. Não podemos nos transformar numa nova e grande Venezuela. Nem queremos. Mas tudo pode acontecer.

É o momento de se pensar e proclamar uma pausa nas divergências e nos interesses menores. Que Deus proteja o Brasil!

Aristóteles Drummond é jornalista

Você pode gostar