Rio - Oba. É Carnaval. Gosto de Carnaval porque escancara o que vemos no resto do ano. Baderna, violência em todos os níveis, conchavos e xavecos, metrô imundo, ônibus superlotados, praias insuportáveis, trânsito infernal, alegria de hora marcada. Como sei que há quem prefira evitar essas tretas, eis aqui algumas dicas para curtir o feriadão sem sair de casa.
CASCA-GROSSA: Para quem gosta de História, não tem como fugir de ‘A maldição de Stalin’, do Robert Gellately. Stalin foi mau que nem pica-pau, sendo culpado por dezenas de milhões de mortes no seu longo tempo no comando na União Soviética. Gellately mostra por que Stalin tomou tantas decisões brutais, que incluíam não só execuções a rodo como também o corte na produção de alimentos, provocando fome e miséria em larga escala. Stalin realmente achava que estava no caminho certo da utopia. Não foi à toa que seu nome continuou pesando na política da URSS até a queda do império comunista.
A GRANDE FAMÍLIA: Já que estamos falando dos russos, vale encarar o tijolo ‘Os Románov (1613-1918)’, do Simon Sebag Montefiore. Durante três séculos, os Románov mandaram e desmandaram na Rússia. Na base da conversa e da força, chegaram a aumentar seu império em 140 quilômetros por dia. Foi um período muito rico de sua história — que nos rendeu, por exemplo, Dostoiévsky e Tolstói. Mas o clã abusou da paciência do povo, abrindo caminho para a criação dos micróbios da revolução bolchevista — que tratou logo de executar seus últimos representantes. Montefiore conta tudo com muita habilidade, para deleite de leitores, como eu, que gostam de conspirações políticas, traições e inúmeras maluquices. São particularmente curiosos os casos envolvendo as intrigas sexuais de personagens insuspeitos. De perto, como se sabe, ninguém é normal. Muito menos quando tem tanto poder. Um baita livro.
ME ENGANA QUE EU GOSTO: Fui conferir ‘O triturador’, de Niall Leonard. Me pegou de jeito. Conta a história de um jovem de 17 anos, sem pai nem mãe, que tem que correr atrás para descobrir quem matou seu padrasto gente boa. O fim é surpreendente. Leitura rápida, despretensiosa, puro entretenimento.
MISTÉRIOS: Só recentemente fui conferir o megassucesso ‘A amiga genial’, da Elena Ferrante. É o tipo do romance que começa devagar e vai te comendo pelas beiradas. Quando você percebe, já está completamente entregue à prosa da Elena (que, na verdade, é o pseudônimo de alguém que a gente não sabe quem é). Coisa fina.
Nelson Vasconcelos é jornalista