Rio - A questão da Segurança Pública deve ser tratada com medidas estruturais, e não à base de efeitos do marketing ou de ações paliativas.
Três eixos devem nortear uma política séria, visando à reversão do atual estado de degradação em que se encontram tanto os índices de segurança quanto, mais especificamente, as condições das forças policiais da nossa federação. São eles: foco na prevenção; modernização do aparelho policial; e repressão qualificada.
Em relação ao primeiro tópico, é fundamental incorporar os jovens entre 16 e 24 anos ao mercado de trabalho e à vida social e comunitária. Eles são maioria nos dois principais lados dessa balança. Fazem parte do maior contingente de autores e de vítimas da violência. Se não revertermos isso, só enxugaremos gelo.
Por isso, eles precisam de inclusão. Nesse sentido, a criação de programas de qualificação é primordial para que esses jovens sejam participantes de uma nova ordem econômica e social, na qual seja possível preservar suas identidades culturais, suas raízes locais e seus laços com a comunidade.
Quanto ao segundo item, não dá para conviver com uma polícia analógica num mundo digital. Experiências passadas, quando modernizamos a Polícia Civil, precisam se estender à PM e ao corpo técnico das polícias. Cito especificamente medidas exitosas como a criação das delegacias legais e a implantação do Instituto de Segurança Pública.
Por fim, é importante dizer que, no mundo inteiro, a polícia mais eficiente é a que mata menos e prende mais. No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, a cultura do conflito tem levado à morte dezenas, centenas de pessoas. Os próprios policiais fazem parte da indesejável estatística.
Por isso, a repressão, que existe em todas as policiais do mundo, deve ser qualificada. E isso se faz por meio da implantação de uma carga horária maior de treinamentos dos policiais, seja com foco na abordagem, seja com foco no conflito em si.
O Brasil não pode continuar tratando um assunto tão sério como a Segurança Pública de uma formas empírica, amadora e irresponsável como vem acontecendo nos últimos anos. Os números falam por si só: as mortes por arma de fogo no Brasil anualmente equivalem a uma guerra. Isso faz sentido?
Anthony Garotinho é ex-governador do Rio de Janeiro