Por thiago.antunes

Rio - É um absurdo que a Lei da Reforma do Ensino Médio, proposta pelo governo, tenha entrado em vigor sem o debate com a sociedade.

A flexibilização do currículo, que dá oportunidade de os alunos escolherem o que desejam estudar, esbarra num problema: aos 15 ou 16 anos, muitos não se sentem seguros para a escolha e, em consequência, pegarão o que for mais fácil. No modelo opcional, nos preocupa muito o fato de matérias como História, Biologia e Química não serem obrigatórias.

O protagonismo dos jovens desejado pelo Ministério da Educação não pode ser, simplesmente, delegar a eles uma escolha importante, sem preparo para tal. Ter de definir um rumo ainda na juventude é uma forma de preparação para a fase adulta, mas é necessário garantir que os estudantes estejam prontos para fazer a opção mais acertada possível.

Quando se estimula a escolha de matérias básicas para vestibular e Enem e para o mercado de trabalho, o objetivo é formar mão de obra em detrimento da formação de pessoas pensantes, visto que há um desestímulo a matérias como Sociologia e Filosofia Aprender a refletir, cuidar do desenvolvimento físico, da arte, tomada de consciência de si, reflexão ética e da relação com os outros tendem a sumir.

Nos países em que houve reformas profundas, como Noruega e Finlândia, o debate foi amplo com a participação da sociedade. Por outro lado, não adianta aumentar a carga horária sem melhorar a qualidade do ensino. As escolas não têm condições para implantar o horário integral.

A reforma exige a organização física, a organização do sistema e a formação de novos professores. E não pode ocorrer apenas no Ensino Médio, pois muito do que acontece nessa etapa da aprendizagem é consequência dos problemas no Fundamental.

Outro aspecto questionável da reforma é o fato de um profissional com notório saber poder lecionar. Isto nega a formação pedagógica, indispensável ao exercício do magistério.

Parece ser a unificação das 13 atuais matérias em quatro blocos de conhecimento e um de formação técnica uma estratégia para resolver o problema da falta de professores na rede pública. Agora, com a lei sancionada, nos resta lamentar a ausência do amplo debate com os diversos segmentos da sociedade.

Célio Lupparelli é vereador pelo DEM

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