Por thiago.antunes

Rio - Percorrendo o noticiário sobre esta temporada de chuvas em algumas regiões do Brasil, fica-se com a impressão de que estamos próximos de um colapso rodoviário, especialmente na Região Norte.

E os mais velhos, que testemunharam a ação dinâmica, austera e entusiasmada do ministro Mário Andreazza, nos governos Costa e Silva, Médici e João Figueiredo, ficam revoltados com o abandono de suas grandes obras, de interligação nacional e emancipação econômica de milhões de brasileiros.

As estradas interditadas, ligando Cuiabá a Santarém e Manaus a Porto Velho (a primeira, parte da Transamazônica), foram concebidas naqueles governos e sob o comando do notável realizador, oriundo do Exército. A Manaus-Boavista, volta e meia, tem problemas que ameaçam o abastecimento da capital de Roraima.

Logo que assumiu o Ministério dos Transportes, com o presidente Costa e Silva, Andreazza mandou asfaltar a Belém-Brasília e duplicar a Dutra. Na época, Maranhão, Pará e Amazonas só se comunicavam com o Brasil por via marítima. Os militares tocaram todos os projetos e sonhos de JK.

Adiante, Andreazza executou a Ponte Presidente Costa e Silva, projetou e construiu a estrada que liga Barreiras, na Bahia, a Curvelo, no centro de Minas, e a BR-040, que liga o Rio a Brasília, obra de JK. Já no governo Figueiredo e tendo como ministro dos Transportes Eliseu Resende, de seu grupo, fez a Rio-Juiz de Fora.

Triste se verificar como a questão rodoviária no Brasil, onde o presidente Washington Luís dizia que “governar é abrir estradas”, foi abandonada ao longo destas décadas que nos separam dos anos de grandes obras na energia e nos transportes, entre 67 e 85.

Nem as estradas sob contrato atendem ao pactuado ante à imobilidade pública, como é o caso da ligação do Rio com Petrópolis, uma das saídas mais importantes da cidade do Rio em direção a Minas, centro-oeste e interior da Bahia. E, pior, sem satisfação ao contribuinte, que continua a pagar o pedágio no trecho sem obras.

É um Brasil que tem de encarar suas responsabilidades. E saber reconhecer que anda pobre de quadros competentes e determinados, ou não aproveita os que tem. Um mínimo de justiça é lembrar Andreazza, figura marcante nas grandes obras rodoviárias que sobrevivem neste mar de incompetência e corrupção.

Aristóteles Drummond é jornalista

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