Por thiago.antunes

Rio - Neste Mês da Mulher, não podemos deixar de discutir a enorme ameaça que a Reforma da Previdência representa para as trabalhadoras. Uma das mudanças mais defendidas pelo governo golpista de Temer é a elevação da idade mínima para a aposentadoria delas, que subiria de 60 para 65 anos, igualando-se à dos homens.

A desculpa é a criação de condições “iguais para todos”. Seria justo se homens e mulheres partissem do mesmo patamar de direitos e oportunidades. Só que isso, infelizmente, ainda não é realidade no Brasil.

A proposta desconsidera que as mulheres trabalham mais que os homens durante a vida. Pois, apesar de viverem sete anos a mais, segundo o IBGE, elas geralmente cumprem dupla jornada, ou seja, trabalham no emprego e em casa.

Mesmo quando cumpre jornada de trabalho igual, levando em conta as tarefas domésticas percebe-se que a mulher trabalha quase o dobro que o homem. É que culturalmente o cuidado com a família é responsabilidade atribuída quase sempre a elas.

Pesquisa do Ipea constatou que, enquanto as mulheres — mesmo quando não têm filhos — gastam em média 26,6 horas semanais com serviços de casa, os homens gastam 10,5 horas. Quando têm muitos filhos, elas chegam a trabalhar quase cinco horas a mais por dia em casa. O que não acontece com os homens, que dedicam em média pouco mais de uma hora por dia à casa.

Além da carga horária maior, as mulheres têm salários menores. Segundo o último Censo do IBGE (2010), a renda mensal bruta das mulheres é de R$ 1.217, menos de três quartos da média entre os homens, que é de R$ 1.673.

A legislação não pode negar a realidade do país. Pelo contrário, deve ajudar a reduzir injustiças, que mantém aberto um abismo de desigualdades. E essas diferenças não podem ser ignoradas quando se discutem mudanças nas regras previdenciárias. É mais um forte motivo para que todos nós estejamos empenhados em lutar contra retrocessos.

Nas últimas eleições presidenciais, o Brasil votou contra a perda dos direitos trabalhistas. Não vamos admitir que um presidente ilegítimo promova, via reformas, um desmanche de direitos que foram duramente conquistados por trabalhadores e trabalhadoras. Abaixo as reformas de Temer! Eleições diretas já!

Márcio Ayer é presidente do Sindicato dos Comerciários

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