Por thiago.antunes

Rio - O Brasil ostenta atualmente idênticas posições no ranking da Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, e no da ong Transparência Internacional. No campo do desenvolvimento humano e no da percepção sobre corrupção ocupamos a 79ª posição.

Na contramão, podemos identificar algumas evidências simétricas em direção aos países mais desenvolvidos e menos corruptos. Essa é a hipótese que se pode extrair quando dos 20 países mais transparentes do mundo, 10 lideram os mais altos postos do IDH.

As simetrias entre estes dez países não param por aí. Nestas nações, 80% têm o parlamentarismo como forma de governo e, em média, cada país possui seis partidos com representação no parlamento. A longevidade deste modelo político é baseado na moderação e na capacidade em se alcançar grandes consensos nacionais.

Enquanto isso, o Brasil da 79ª posição possui 26 partidos com assento na Câmara dos Deputados e mais nove sem representação alguma. Possuímos hoje, além destes 35 partidos, ainda a perspectiva de termos mais 57. Isso mesmo! Há 57 novos partidos sendo regularizados neste exato momento no Brasil: do Partido Nacional Corinthiano ao Partido Nacional Militar.

Das duas uma: o Brasil é o país do mundo com uma das maiores diversidades ideológicas ou partido político virou um grande negócio por aqui. Para manter essa farra democrática, o Congresso autorizou ao Superior Tribunal Eleitoral repassar R$ 819 milhões a estes partidos.

Nesta epopeia democrática, há organizações que não possuem nenhum representante sequer no Congresso Nacional, mesmo assim são financiadas. O PSTU recebe todos os meses R$ 198 mil. O PRTB do famoso e eterno presidenciável Levy Fidelix recebe a bagatela mensal de R$ 355 mil.

Como se não bastasse essa orgia partidária, há ainda indícios de que na última eleição presidencial houve a compra de partidos políticos para aumento do tempo televisão e para proteção em debates.

A experiência dos países que lideram o desenvolvimento humano e a transparência poderiam nos ensinar algumas coisas, entre elas o fato de que países mais desenvolvidos são menos corruptos por possuírem menos partidos e por terem como forma de governo o parlamentarismo.

A conclusão ao fim parece óbvia: este condomínio onde reside nossa crise econômica, moral e política precisa ser imediatamente reconstruído. Não basta apenas trocar o síndico.

Rodrigo Abel é mestrando em sociologia política

Você pode gostar