Por thiago.antunes

Rio - Trabalhar em termos de acessibilidade significa pensar e promover o alcance a tudo o que a cidade disponibiliza para a totalidade de seus moradores. Não se pode falar de cidadania plena sem um sentimento de pertencimento do espaço público. Quem trabalha com cultura deve ter a meta de promover para todos, sem exceção, o acesso real e pleno à programação artística e aos seus desdobramentos, nas esferas públicas ou privadas.

Cuidar das acessibilidades (prefiro o uso a palavra no plural) é buscar a verdadeira excelência na qualidade do atendimento. Museus, centros culturais, galerias de arte, teatros, etc. devem refletir sobre os obstáculos, para além dos físicos, que podem inibir ou afastar qualquer um de seus visitantes.

Todos são públicos em potencial e devem desfrutar do que esses espaços têm a oferecer: crianças, idosos, pessoas em vulnerabilidade social, com deficiência intelectual, em sofrimento psíquico e mais aqueles que encontram dificuldades por questões físicas, sensoriais, comunicacionais e atitudinais. Melhor: devem ser atraídos e afetados pela arte, história e a vida gerada nessas instituições.

O primeiro desafio para os fazedores e profissionais da cultura é despir-se de preconceitos, estigmas e estereótipos. Para além do cumprimento das leis e normas, as instituições culturais devem permanecer alertas à diversidade, percebendo as dificuldades, os desejos e inquietações dos públicos. Essa troca permanente tende a gerar um conhecimento específico, fundamental para a quebra de qualquer tipo de barreira.

Práticas realmente inclusivas servem sempre de estímulo ao pensamento crítico de cada corpo técnico. Da reflexão à ação. Da observação à execução. A cada passo, sempre em um processo de tentativa-erro-acerto, vão se adquirindo novas formas de acolhimento, novas habilidades para uma recepção mais plural, mais generosa.

Tudo isso tem que acontecer no ritmo imposto pela nossa era do 'tudo ao mesmo tempo agora' permitindo com que cada ação isolada se propague e multiplique atitudes em busca da democratização do acesso à cultura. E, consequentemente, construindo cidades menos partidas, no redesenho de um país mais igualitário, e de um mundo melhor.

Roberto Guimarães é diretor de Cultura do Oi Futuro

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