Rio - Volta e meia acontecem tragédias escolares que, de uma forma ou de outra, são colocadas na conta do bullying, um mal que habita as escolas desde sempre, mas que nos últimos anos vem ganhando ares assombrosos e deixando a escola numa situação de impotência. Acho pertinente clarearmos alguns aspectos sobre essa prática nefasta que sobrevive de forma cada vez mais aperfeiçoada.
Bullying é uma agressão intencional, verbal ou física, repetitiva, feita por um ou mais alunos contra um ou mais colegas, em geral na presença de outros que atiçam e torcem, constituindo uma espécie de plateia. O termo 'bullying' tem origem na palavra inglesa 'bully', que significa 'valentão', 'brigão'. Agressões esporádicas não podem ser consideradas bullying por serem, em geral, resultantes de conflitos também esporádicos. No caso do bullying, o conflito gerador da agressão é o que menos importa. Muitas vezes não há nem situações disparadoras, e, sim, provocações insistentes.
Para ser considerada bullying, a agressão deve apresentar quatro características: a intenção do agressor em atingir o alvo; a repetição da agressão; a presença de uma plateia, e a concordância da vítima com relação à ofensa. Quando a vítima supera o motivo da agressão, ela reage ou ignora, desmotivando o agressor a continuar.
Em geral, as vítimas de bullying são crianças ou jovens com baixa autoestima, retraídos e que apresentam alguma particularidade física (gordinhos, muito magros, orelhas salientes) ou comportamental (forma de andar, trejeitos, sotaques). Em função das agressões, a vítima, em geral, se fecha, se isola. É a partir da observação atenciosa do comportamento dos alunos que a escola pode identificar o bullying e tomar providências.
A participação da família é essencial, pois a rede de ameaças do agressor, a conivência dos expectadores e o medo da vítima se unem em prol do silêncio. É mais fácil detectar a partir da família que convive mais proximamente ao aluno e identifica comportamentos como dor de barriga na hora de ir para a escola, resistência em ir às aulas e pedidos para mudar de escola. Esses comportamentos frequentemente estão ligados ao fato de a criança sofrer bullying.
Escola e família mais uma vez precisam unir forças para prevenir um mal que pode deixar marcas profundas por toda a vida.
Júlio Furtado é professor e escritor