Por thiago.antunes

Rio - A Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) é uma instituição exemplar do Rio e do Brasil. Foi o primeiro centro de reabilitação do país, fruto da generosidade do arquiteto Fernando Lemos, do empresário Percy Murray, encampada depois por personalidades como o casal Malu e Celso da Rocha Miranda. Foi quando a paralisia infantil chegou ao Brasil e não se sabia o que fazer para seu combate nem para a recuperação dos afetados, que, em 57, a ABBR foi inaugurada com a presença do presidente JK. Embora seja uma entidade privada, nasceu com a grandeza de atender a todas as camadas da população, pagantes ou não. Naqueles anos não havia o Sistema Único de Saúde (SUS), mal gerido, mas de excelente concepção.

A ABBR e seus mais de 300 colaboradores passam por uma grave crise. O SUS, que representa a parte maior de seu faturamento, dá prejuízo, com uma tabela congelada há dez anos. E, ainda assim, os repasses estão sendo retidos na prefeitura, apesar do Fundo Nacional de Saúde ter liberado desde setembro. A secretária municipal de Fazenda, Maria Eduarda Gouvêa, de reconhecido saber acadêmico, não assumiu que sua função tem sentido político e social importante para a cidade. Não pode, portanto, segurar recursos destinados à instituição de tal cunho social, prejudicando os menos favorecidos, além de centenas de trabalhadores que atuam na entidade com muita dedicação e amor pelo que fazem.

A ABBR é a maior organização beneficente do país em doadores, com valores módicos de 50 a 100 reais por mês, majoritariamente por famílias que encontraram ali o apoio para a reintegração na vida e na felicidade de um dos seus entes. É dirigida pelo idealismo de um notável médico, Deusdedith Nascimento, que há anos empresta algumas horas de seu dia a esta nobre missão. Não pode ser desamparada pelo poder público, especialmente na atual gestão, em que o prefeito Crivella, em janeiro, logo após assumir, colocou as contas em dia.

Esse tema é mais importante do que os políticos e econômicos com que ocupamos este espaço democrático. Toca a sensibilidade da população, a tradição generosa da gente carioca e fluminense, a solidariedade que merecem aqueles que sofrem restrições e mutilações, que ali são reabilitados.

Mais de meio século de serviços prestados e dedicação de tantos que já se foram a ABBR deve tocar a alma dos governantes. A estes, pede-se apenas que se atenda o que é justo e acordado.

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