Roberto Muylaert, colunista do DIA - Divulgação
Roberto Muylaert, colunista do DIADivulgação
Por Roberto Muylaert Jornalista e editor

Rio - Nem a presidenta Dilma Roussef conseguiu uma trapalhada do tamanho perpetrado pelo trio Marun, Padilha e Moreira Franco, sob a batuta do inefável Michel Temer. A imagem que esses senhores passam ao cidadão que habita o país é o de desonestidade e safadeza, consolidada ao longo dos anos por malfeitos acumulados.

Sem perceber, ao ser tomados pelo pânico estampado em seus olhares, essa camarilha dos quatro brasileira - parodiando a denominação do governo chinês chefiado pela mulher de Mao-Tsé- Tung - começou a aparecer na TV como a decidir os destinos da nação, numa hora tão grave como a greve que desarticulou a economia e a vida nacional.

A simpatia da população foi logo para o lado dos caminhoneiros, já que os políticos, todo mundo já sabe, não merecem respeito.

A camarilha dos quatro fez mais, tentou substituir a "mão invisível", de Adam Smith, por suas próprias ações. No conceito do livro 'Riqueza das Nações', de 1776, Smith mostra que a interação entre os indivíduos, numa economia de mercado ideal, parece resultar numa determinada ordem, onde oferta e procura se equilibram. E se houver uma distorção à plena liberdade de mercado, a "mão invisível" já não auxilia o sistema.

Premidos pelo pânico e por nenhuma autoridade moral, a camarilha dos quatro resolveu substituir as forças do mercado por suas próprias ações, que resultaram numa tremenda confusão, muito longe de terminar. Conforme artigo de Rolf Kunz no Estadão de 10/6, os referidos senhores mostraram no episódio, incompetência, fraqueza, ignorância e despreparo.

Mexeram em coisas que estavam funcionando desde sempre, e acabaram se perdendo, sem saber que milhões de ações econômicas são feitas na economia por milhões de pessoas, cada qual procurando otimizar a sua parte, não sendo possível trocá-las pelas ideias estapafúrdias de uma simples camarilha despreparada.

Resultado: criaram um subsídio milionário para o frete, tentaram regular o preço nas bombas com uma anacrônica "fiscalização", bagunçaram o orçamento da União, aumentaram o custo para o setor produtivo, criaram novos riscos para uma Petrobras que estava em rápido processo de recuperação, e não tiveram peito para enfrentar os grevistas. O pior de tudo é que mexeram na viabilidade da produção agrícola, que garante nossa estabilidade econômica.

A partir do pânico, a "mão invisível" tremeu.

Roberto Muylaert é jornalista e editor

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