Luciano Felipe - Novo - Divugação
Luciano FelipeNovo - Divugação
Por Luciano Felipe Presidente do Novo-RJ

Rio - Nesses tempos de Brasil com a cabeça para baixo, por todos os cantos fala-se na necessidade de renovar a política. Há muitas receitas, umas que demandam tempo demais, outras nem tanto.

Historicamente, o brasileiro tem uma fascinação desproporcional pelo poder que presidentes, governadores, prefeitos e 'coronéis' têm de resolver todos os nossos problemas. Uma observação mais atenta sobre os acontecimentos das últimas décadas - que nos trouxeram a essa situação inimaginável de sufocamento das forças que produzem e criam empregos - sugere o desvio do nosso olhar para um outro campo: o do Legislativo.

Quando o eleitor deixa a escolha de seu deputado para o segundo plano ou para a última hora, dá um passo firme para que as coisas continuem como estão. O sistema político atual joga todas as atenções do imaginário popular sobre o candidato a cargo majoritário. É ele que protagoniza os programas eleitorais gratuitos, os esforços de arrecadação de campanha, o noticiário muitas vezes viciado e, principalmente, as promessas que o eleitor observa.

É por isso que o brasileiro toma tantos sustos diante de aprovação ou derrota de projetos de leis que criam mais burocracia, ampliam privilégios ou erguem mais barreiras à geração de emprego e renda. Ou quando se depara com personagens nefastos, aparentemente surgidos do nada, à frente de escândalos de corrupção e desmandos. São as Vossas Excelências, às quais o prefeito, o governador e o presidente se curvam. Quando o eleitor pensa em tomar satisfação, é comum não se lembrar do parlamentar no qual votou.

Demorou para o eleitor do Rio de Janeiro perceber que os crimes do ex-governador Sérgio Cabral não poderiam ser praticados sem a cumplicidade de deputados da pior espécie, que estenderam seus tentáculos por todas as esferas do poder, ao ponto de expor daquela maneira vergonhosa os conselheiros corruptos do Tribunal de Contas do Estado, um órgão auxiliar do Poder Legislativo.

O Palácio Tiradentes, antes conhecido por suas colunas neoclássicas e pela estátua do herói enforcado, virou chacota no país inteiro. Em Brasília, os fluminenses foram envergonhados por figuras como a do deputado Eduardo Cunha.

Daqui a quatro meses, o eleitor será chamado a escolher, uma a uma, as próximas Excelências que vão representá-lo na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Alguns partidos têm se esforçado para selecionar candidatos melhores para este pleito. O Novo, por exemplo, sabatinou e treinou seus pré-candidatos. Mas é ao eleitor que caberá dizer se chegou ou não o momento de histórico de renovar a política. É ele que vai decidir se, nos próximos quatro anos, dará imunidade, poder e privilégios a Cunhas e Piccianis.

A opção de errar de novo e reclamar depois não é a única.

Luciano Felipe é presidente do Novo-RJ

Você pode gostar
Comentários