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Por Babalawo Ivanir dos Santos e Padre Fábio de Melo

Rio - Recentemente, nós nos conhecemos em circunstâncias curiosas. E tivemos a oportunidade de descobrimos juntos que, mais do que nossas diferenças religiosas, somos unidos pelo que temos em comum: a esperança de uma sociedade mais justa, mais fraternal, menos desigual; a concordância de que todos os caminhos levam ao Sagrado e a sua Força Suprema; e a certeza de que vivemos momentos difíceis no Brasil e no mundo. Momentos em que a intolerância, a xenofobia, o ódio, o racismo, a homofobia, o machismo, a falta de alteridade, de equidade, o desrespeito pelo outro e sua cultura têm estreitado os nosso laços humanos; e que acima de tudo precisamos nos manter unidos no caminho do paz e tolerância entre as regiões.

Nosso primeiro encontro foi regado por um diálogo franco e fraterno, onde percebemos que, mesmo nos dias atuais, precisamos ter cuidado e zelo para que nossa linguagem, construída dentro dos nossos nichos sociais e religiosos, possa ser "cuidada" para não agredir ou ofender o outro, que tem o direito de não comungar sobre as mesmas crenças que professamos.

Os velhos chistes, as anedotas, piadas aparentemente "bobas" que fazem parte do nosso cotidiano, passaram a tomar proporções perigosas, nessa aldeia global, permeada pelas redes sociais e pelas agressões dos grupos radicais que não compreendem que a diferença e a alteridade são as bases constitutivas da nossa sociedade. Como sacerdotes que somos, temos a responsabilidade do exemplo. O direcionamento da postura correta, da autocrítica e da orientação a todos que nos acompanham, de alguma forma, para os perigos da intolerância e o risco de vermos se repetir tristes momentos da nossa história, como a ascensão do fascismo na Europa no século XX que vitimou e ceifou milhões de vidas humanas.

O que nos une, e nos mantêm vivos e civilizados, é nossa humanidade e as nossas diferenças. Sempre na fé e na esperança da construção de um mundo melhor, desde que nos conhecemos recentemente, firmamos um pacto de caminhar juntos por um mundo mais tolerante, onde a diversidade, a pluralidade religiosa precisam ser respeitas.

Sozinhos somos poucos: precisamos caminhar juntos contra todos os processos de preconceito e intolerância, pois acreditamos que a fé é construída pela esperança, tolerância, respeito e alteridade. E nossa demonstração de fé, união e respeito mútuo será a "rocha" forte que irá guiar a XI Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa.

 

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