Marcus Tavares, colunista do DIA - Divulgação
Marcus Tavares, colunista do DIADivulgação
Por Marcus Tavares Professor e jornalista

Rio - Nesta última semana, participei de um encontro bem interessante. Chama-se Diálogos Essenciais, promovido pela publicitária Nádia Rebouças. Em debate: a influência dos Youtubers no dia a dia das crianças e jovens. Na roda de conversa, mães, tias e avós de diferentes contextos e realidades. Conversamos e trocamos bastante.

As pesquisas mostram que, pouco a pouco, a audiência infanto-juvenil da tevê aberta e fechada vem diminuindo em contraposição com a das plataformas digitais, mais acessíveis e onipresentes para maior parte deste segmento. Cerca de 80% do público dos 9 aos 17 anos navega na internet e, deste universo, 83% acessam o conteúdo da web via celular. A pergunta principal do encontro foi: como lidar com este cenário, onde crianças e jovens têm, teoricamente, acesso ilimitado a qualquer tipo de conteúdo, 24 horas por dia? Minha resposta: sendo pais, ocupando o lugar de responsáveis, de autoridade na relação com seus filhos. A resposta é simples, mas, reconheço, não é uma tarefa fácil nos dias de hoje.

Muitos pais sabem disso e estão de parabéns. É preciso ser pai-mãe, orientar e conversar. Explicar sempre os porquês, dentro do entendimento da criança. Sou contra antecipar temáticas. Elas devem fazer parte do diálogo à medida que surgem a partir da curiosidade e ou indagação das crianças. Acho que é preciso, antes de mais nada, respeitar a infância, cuja fase, lamentavelmente, é vítima cada vez mais de um encurtamento.

Os pais que agem nesta direção são poucos. Não quero aqui culpar os outros (já tão cheios de obrigações), mas o que vemos, muitas vezes, é um deslugar deles na relação com seus filhos. Os pais precisam ser pais. Precisam, sim, impor limites. Ninguém deve se culpar de dizer não. Algumas vezes vão acertar. Em outras, vão errar. Mas é assim mesmo. Não se culpem. Crianças e jovens precisam, sim, aprender a lidar com negações e angústias. Isso faz parte do crescimento.

Dialogar, impor limites e estabelecer acordos é saudável e profícuo para o amadurecimento das crianças. E neste processo não há fórmulas. Os acordos e limites vão variar de família para família, mas o que deve ser a base, sem dúvida, são os valores de solidariedade, respeito e ética. As tecnologias e seus conteúdos não devem ser babás e detentoras de conhecimento e aconselhamento. Crianças e jovens precisam e querem (acreditem!) a presença dos pais. Necessitam de atenção e de orientação, mesmo que façam o contrário do proposto pelos responsáveis. Eles precisam entender e ter a certeza de que a qualquer momento os pais estão ali para ajudá-los.

Marcus Tavares é professor e jornalista

Você pode gostar
Comentários