José Ricardo Rocha Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e colunista do DIA - Divulgação
José Ricardo Rocha Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e colunista do DIADivulgação
Por O Dia

Rio - Há décadas o Estado do Rio vem sendo dominado por organizações criminosas que se entranham, principalmente, no Executivo e no Legislativo, com ramificações em outros órgãos, como o Tribunal de Contas, autarquias e fundações, culminando nas prisões dos quatro últimos governadores, e não por coincidência, dos três últimos presidentes da Assembleia Legislativa do estado, além das prisões e afastamento da quase totalidade dos conselheiros do tribunal de contas e de outros parlamentares.

Muito se tem descoberto no que diz respeito ao pagamento de propinas milionárias dadas aos ex governadores, secretários de Estado, políticos, conselheiros do TCE e a qualquer funcionário ou pessoa que seja de interesse da organização criminosa. Porém, essas propinas e desvios, infelizmente, não são o prejuízo maior, pois os milhões pagos em corrupção são muito menores que os prejuízos bilionários que o estado vem sofrendo há décadas, devido aos benefícios concedidos a empresas corruptoras que recebem isenção e incentivos fiscais, promovendo também o superfaturamento de produtos e serviços fornecidos ao estado, à custa de suborno aos agentes públicos, levando a um déficit de arrecadação somente nos últimos anos superior a R$ 180 bilhões, dinheiro este suficiente para reequilibrar o orçamento do estado e restaurar os serviços públicos.

O que caracteriza a denominação de Organização Criminosa é a sua estrutura complexa, com ramificações por diversos órgãos, envolvimento de agentes públicos dos mais variados escalões e uma sofisticada tecnologia para a obtenção de propinas e recursos indevidos e lavagem de dinheiro.

Essas organizações criminosas somente estão sendo recentemente descobertas graças à especialização de promotores e juízes federais que buscaram formação no exterior para o combate desse sofisticado crime, tendo como espelho, por exemplo, a operação Mãos Limpas da Itália. Outro fator importante é a atuação da mídia e a facilidade de tornar a informação mais acessível e rápida ao cidadão, fatores esses que não existiam tempos atrás no Brasil.

Esses criminosos são verdadeiros assassinos, pois causaram a morte de centenas de cidadãos no estado do Rio de Janeiro devido aos desvios que levam a falta de investimento na Saúde, Segurança Pública, entre outros serviços, e neste momento crucial da história do nosso estado cabe ao poder Judiciário promover o equilíbrio entre os três Poderes, punindo e prendendo os corruptos, independente de seu grau hierárquico, e ao Ministério Público, ao qual cabe a nobre missão de defender a sociedade, investigando e denunciando essas pessoas que não merecem sequer ser chamadas de cidadãos.

José Ricardo Rocha Bandeira é Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina

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