Roberto Muylaert, colunista do DIA - Divulgação
Roberto Muylaert, colunista do DIADivulgação
Por Roberto Muylaert* Jornalista e editor

O senhor ainda não tomou posse, mas já está dando pitacos sobre todos os assuntos, nem sempre com a liturgia que pede a função de presidente-eleito. A entrevista precisa de lugar adequado, com ordem no recinto, onde os jornalistas são chamados a perguntar, um por um. Até o inefável Donald Trump entende isso, embora sua falta de educação se expresse pela violência contra alguns órgãos de imprensa.

Melhor dar uma entrevista organizada do que falar da porta entreaberta de um carro, com seguranças estressados, olhos esbugalhados à cata de inimigos que poderiam estar naquela cena aberta improvisada.

O presidente-eleito não precisa falar a toda hora, correndo o risco de mencionar a mudança da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém, sem saber das consequências políticas e econômicas que adviriam desse ato.

Quem mais fala no governo a tomar posse é o ministro da Super-Justiça, Sérgio Moro, que participa de todos os programas TV. A ponto de andar com a voz a desafinar. À falta do presidente, ele acaba respondendo sobre tudo e todos. É o caso também do Super-Ministro da Economia, Paulo Guedes, que dá tiro pra todo lado, sem saber que o Senado tinha uma bala na agulha pronta para deflagrar, o que acabou acontecendo com o aumento dos salários do Supremo.

Seria bom que o presidente-eleito implantasse uma moratoria de pronunciamentos, onde ninguém mais daria entrevista, até que se coloque ordem no pedaço.

Sobre Donald Trump, a quem o nosso futuro presidente anda sendo comparado, tenho uma sugestão que pode ser profícua para o Brasil.

Para começar, não imitar o que o americano fala e faz, por que ele tem outras formas de persuasão, além da palavra oral, que nós não temos.

Em segundo lugar, fingir uma comunhão de ideologias, para além dos pontos comuns entre a política dos dois presidentes. A partir daí, propor uma aliança econômica com os Estados Unidos, como um país igualmente continental e cheio de recursos como o nosso. Mostrando para Trump que podemos ser o país em que ele confia, dentro de um quadro latinoamericano hostil. Isso tudo, sem ceder nada em nossa soberania.

Em contrapartida, teremos uma acordo comercial e científico que pode nos favorecer muito.

*Este é o centésimo artigo assinado pelo jornalista no DIA. Nossas congratulações e agradecimentos ao colunista.

 

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