Andrey Monteiro - reprodução
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Por Andrey Monteiro Pres. do Depto. de Cirurgia Cardíaca Pediátrica da Soc. Bras. de Cirurgia Cardíaca

Rio - O ano de 2019 começou com renovação nos cargos de ministro e secretário de Saúde, respectivamente, os doutores Luiz Henrique Mandetta e Edmar Santos. Ambos têm grande experiência em gestão pública. O novo secretário estadual, apesar de não ser da classe política, demonstrou habilidade nesta área, quando conseguiu manter aberto o Hospital Universitário Pedro Ernesto - com apoio até mesmo das entidades que inicialmente estavam contrários a sua gestão. Já o futuro ministro traz consigo o apoio de grandes entidades de saúde, além de ter desempenhado bem o papel de liderança na frente parlamentar médica.

O saudável ponto em comum entre os dois: ambos pregam a austeridade na gestão dos recursos públicos.

Mas o desafio é dos mais duros: será uma tarefa ingrata conseguir mais recursos para suas gestões. Os gastos públicos com saúde no Brasil equivaleram a 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, deixando o nosso país em 64ª lugar no ranking com 183 países sobre despesas nesta área. Países desenvolvidos investem em média 6,5%. Estes dados são do Banco Mundial e estão no relatório Aspectos Fiscais da Saúde no Brasil, publicado em novembro passado pela Secretaria do Tesouro Nacional.

A Secretaria de Estado de Saúde, historicamente, fecha e abre unidades de forma simultânea, cria novos centros e deixa que sejam sucateados os anteriores. Para se ter uma ideia, no Rio há duas centrais reguladoras de vaga - uma do município e outra do estado - e essas praticamente não se comunicam. Por conta disso, as consultas ofertadas à rede pública em determinadas especialidades apresentam 50% de absenteísmos ou ociosidade.

Grande parte dos problemas vai exigir muita coragem deles em mexer na zona de conforto de alguns centros ou até mesmo reformular a tabela SUS. Mas adianto que é importante não permitir o fechamento das Santas Casas. Estes são centros centenários, formadores de profissionais e muitas vezes as únicos referências em determinadas regiões. São instituições que foram sucateadas por um modelo de remuneração indigno e que agora são substituídas por OSs.

No mesmo caso das Santas Casas estão os hospitais universitários, que apresentam modelo de remuneração como um hospital conveniado, têm custo naturalmente maior, porém com potencial de produção altíssimo.

Com efeito, as soluções para a perpetuação de ações em saúde vão exigir um esforço muito grande de ministro e secretário. Boa sorte para os dois. O Brasil precisa do sucesso deles.

Andrey Monteiro é presidente do Departamento de Cirurgia Cardíaca Pediátrica da Soc. Bras. de Cirurgia Cardíaca

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