Ruy Chaves, colunista do DIA - Divulgação
Ruy Chaves, colunista do DIADivulgação
Por Ruy Chaves

Quando criança acreditava em tudo que me diziam. Passava o Natal tentando ver o Papai Noel com os presentes que pedira em minhas cartinhas de bom menino e, mais que tudo, eu queria ser gêmeo do Saci Pererê, pular numa perna só, aparecer e desaparecer por encanto, sem cachimbo, claro.

Sempre acreditei em estórias da carochinha e nas aventuras de meu amigo Pinóquio, mas, confesso em delação premiada, me borrava de medo do Mula Sem Cabeça.

Cresci certo de que era o cara mais esperto da galáxia e parei de acreditar em bobagens. Hoje, velho, mas nunca sábio, depois de tanto que vi e ouvi com estes olhos e ouvidos que um dia muito distante a terra haverá de comer, voltei a crer em estórias e seres fantásticos, especialmente em versões criativas de advogados sobre clientes injustamente perseguidos.

Então, creio que todas as doações para campanhas políticas nos últimos anos foram legais e aprovadas com louvor pela justiça eleitoral.

O triplex do Guarujá? Não tem dono. O sítio ricamente decorado? Não tem dono. O fiel escudeiro filmado arrastando mala com R$ 500 mil que, supostamente, seriam divididos com um ex presidente e seus amiguinhos é inocente e o advogado resumiu bem o caso: “Meu cliente foi vítima de armação, não queria receber a fatídica mala e não entendeu que suas conversas com executivos corruptos tratavam de propina”.

Voltando às malas, creio cegamente na inocência do ex ministro, seu irmão e sua mãe flagrados guardando em um bunker R$ 51 milhões que economizaram ao longo de suas vidas e que tiraram de seus cofrinhos em forma de porquinhos.

E o pobre do senador, vítima de 18 investigações no STF, que perseguição careca! Creio na pureza de princípios dos deputados presos nas operações Furna da Onça e Cadeia Velha, na inocência dos acusados de manter assessores fantasmas e de comer seus salários e acho absurdo condenar a 120 anos de prisão um ex governador tão bonzinho, que sempre cuidou dos bens públicos com olho grande.

E seu herdeiro e sucessor, que prisão injusta! Sobre o maior caso de abuso sexual do mundo, disse o advogado: são acusações falsas, meu cliente é um homem santo, um João de Deus!

Como não acreditar em mamãe, que jurava que eu era o menino mais lindo e inteligente do mundo? Dizem que sou estúpido, idiota e burro, mas nisso não acredito. Panta rei.

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