Na época, muito se falou sobre o fato de eu ser defensor da europeização dos métodos de trabalho e da concepção tática no futebol brasileiro, o que causou alguma polêmica e dividiu opiniões. Em especial no caso de terminologias que implantei como overlapping (abrasileirada para `ponto futuro`) e polivalência, por meio da qual defendia que cada jogador teria de exercer mais de uma função em campo; conceitos inspirados no carrossel holandês (seleção da Holanda) que encantou o mundo na Copa de 1974.
Hoje, passados 38 anos da conquista daquela Libertadores, vejo a história se repetir com você, meu caro Jesus. Em pouco mais de seis meses no comando do Flamengo, conseguiu montar um grande time, competitivo e à moda europeia, sem abrir mão da essência do futebol arte que está no DNA do jogador brasileiro, causando uma revolução no futebol do país. E isso vem despertando reações de apoio (que são a maioria) mas também, controvérsias.
Mas digo a você, Mister. E falo com conhecimento de causa porque vivi algo semelhante. Não se deixe abater com os comentários daqueles que não reconhecem a valorosa contribuição que tem dado ao nosso futebol, principalmente no aspecto tático, na forma de mobilizar os atletas e de mantê-los motivados e com uma intensidade em campo que há muito não se via por aqui. O time do Flamengo se tornou um modelo a ser seguido pelos demais clubes.
As recentes conquistas da Copa Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro, feitos históricos e memoráveis, dão a exata noção do brilhante trabalho realizado por você e pelos jogadores, que, unidos e em perfeita sintonia, formaram um grupo campeão, a exemplo do que fora o Flamengo da era Zico. Portanto, sinta-se muito orgulhoso por isso, meu amigo. Mister, você caiu nas graças da torcida e, como costuma dizer, tem sido muito acarinhado por ela.
Quis o destino que outro português - você, meu amigo - desembarcasse no Brasil para redescobrir a magia daquele que ainda é considerado o melhor futebol do mundo. Por isso, Mister Jesus, permita-me finalizar a minha sincera mensagem com um pedido especial, que é o mesmo de toda a nação rubro-negra e também daqueles que são admiradores do seu trabalho: fica no Flamengo. O futebol agradece!
*André Ceciliano é deputado estadual, presidente da Alerj e flamenguista roxo