opina1612 - arte o dia
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Por André Ceciliano*
Peço uma licença poética ao articulista Elio Gáspari, cujo modelo de texto serviu-me de inspiração para escrever este artigo...
Mister Jorge Jesus, eu tive a imensa satisfação de comandar o time do Flamengo, estreando à frente da equipe em 1976 numa memorável vitória sobre o Sport, de 3 a 0, no templo do Maracanã. Desde então, pude vivenciar uma experiência profissional jamais imaginada ao ser tricampeão estadual pelo rubro-negro carioca, nos anos de 1978 e 1979 (duas vezes), campeão brasileiro, em 1980, e, de certa forma, ter sido o criador da formação que viria a ganhar a Libertadores da América e o Mundial de Clubes, em 1981, sob as mãos do treinador Paulo César Carpegiani. Sem falar na honra de comandar craques como Zico, Júnior, Leandro, Adílio, Andrade... todo o grupo era brilhante.

Na época, muito se falou sobre o fato de eu ser defensor da europeização dos métodos de trabalho e da concepção tática no futebol brasileiro, o que causou alguma polêmica e dividiu opiniões. Em especial no caso de terminologias que implantei como overlapping (abrasileirada para `ponto futuro`) e polivalência, por meio da qual defendia que cada jogador teria de exercer mais de uma função em campo; conceitos inspirados no carrossel holandês (seleção da Holanda) que encantou o mundo na Copa de 1974.

Hoje, passados 38 anos da conquista daquela Libertadores, vejo a história se repetir com você, meu caro Jesus. Em pouco mais de seis meses no comando do Flamengo, conseguiu montar um grande time, competitivo e à moda europeia, sem abrir mão da essência do futebol arte que está no DNA do jogador brasileiro, causando uma revolução no futebol do país. E isso vem despertando reações de apoio (que são a maioria) mas também, controvérsias.

Mas digo a você, Mister. E falo com conhecimento de causa porque vivi algo semelhante. Não se deixe abater com os comentários daqueles que não reconhecem a valorosa contribuição que tem dado ao nosso futebol, principalmente no aspecto tático, na forma de mobilizar os atletas e de mantê-los motivados e com uma intensidade em campo que há muito não se via por aqui. O time do Flamengo se tornou um modelo a ser seguido pelos demais clubes.

As recentes conquistas da Copa Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro, feitos históricos e memoráveis, dão a exata noção do brilhante trabalho realizado por você e pelos jogadores, que, unidos e em perfeita sintonia, formaram um grupo campeão, a exemplo do que fora o Flamengo da era Zico. Portanto, sinta-se muito orgulhoso por isso, meu amigo. Mister, você caiu nas graças da torcida e, como costuma dizer, tem sido muito acarinhado por ela.

Quis o destino que outro português - você, meu amigo - desembarcasse no Brasil para redescobrir a magia daquele que ainda é considerado o melhor futebol do mundo. Por isso, Mister Jesus, permita-me finalizar a minha sincera mensagem com um pedido especial, que é o mesmo de toda a nação rubro-negra e também daqueles que são admiradores do seu trabalho: fica no Flamengo. O futebol agradece!

*André Ceciliano é deputado estadual, presidente da Alerj e flamenguista roxo