São imensuráveis os problemas em toda a rede, essencialmente a municipal. Dados do Portal de Transparência do Sisreg (Sistema de Regulação) sugerem que mais de 18 mil pessoas em estado grave estão no aguardo da marcação de exames e consultas. O tempo médio de espera gira em torno de oito meses, o que é inadmissível, pois de acordo com o protocolo de atendimento, esses pacientes deveriam aguardar no máximo um mês. A realidade é bem diferente, com pacientes esperando há anos.
O resultado desse caos se reflete na posição que o Rio de Janeiro alcançou entre todos os estados do país, tendo a maior taxa de mortalidade hospitalar geral e também em clínica médica, em leitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto a média do Brasil em clínica médica ficou em 10,15% no primeiro semestre deste ano, no estado do Rio, a taxa foi de 17,26%. Já a taxa geral, que inclui todas as especialidades, a média nacional é de 4,49% contra 7,12% no Rio.
O problema generalizado atinge também os profissionais da saúde. Muitos funcionários continuam sem salários e sem condições dignas de exercer suas funções. A justiça determinou que a prefeitura criasse um gabinete de crise, atendendo pedido da Defensoria Pública e do Ministério Público. Uma medida emergencial, mas evitável se não tivéssemos deixado a situação ficar caótica.
Em tempos de espírito natalino, o maior pedido de presente que podemos fazer é de bom senso e boa vontade por parte das autoridades para que conceda à população as condições básicas de saúde, conforme garante a Constituição. Só assim será possível pensarmos num Feliz Natal, se não com dinheiro no bolso, pelo menos com saúde.
*Marcos Espínola é advogado Criminalista e especialista em Segurança Pública.