André Esteves - Divulgação
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Por André Esteves*
Sou otimista. Procuro ver as coisas pelo ângulo positivo. Ele sempre existe, até nos piores momentos. Mas fica relegado, porque dá muito trabalho encontrá-lo no meio de tantas frustrações por projetos e objetivos não realizados. É mais fácil culpar as circunstâncias. Diminui o impacto de assumirmos o que deveríamos ter feito e não fizemos. Sempre achamos que tem um tempo amanhã ou depois e deixamos tudo para a última hora. Às vezes, quando percebemos, aquilo que poderia ter sido feito em um determinado contexto, com relativa tranquilidade, e não foi, vai ter que ser feito na pior hora possível. Há, portanto, desgaste emocional e financeiro, ineficiência, estresse e perda considerável da autoestima, podendo causar um dano quase irreversível.

Reflito sobre isso recorrentemente, principalmente nesta época do ano. Tempo de fazer um balanço de realizações e também do que não foi realizado. Com a maturidade de quem esta na estrada há muito tempo, aprendi (e aprendo a cada dia) que a vida não aceita provocações. Sempre pagamos um preço por não nos planejarmos e tomarmos as decisões na hora certa. Nos preocupamos, às vezes, com o que os outros vão achar. Vivemos de forma digital, em redes sociais, e todos acompanham nossos passos. Ou seja, temos uma persona virtual que é avaliada por todo mundo. Queremos, apenas, mostrar o lado bom da nossa vida: as conquistas.
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Há situações que nos obrigam a recuar estrategicamente. Um passo para trás pode resultar em dois ou mais para frente rapidamente. E o saldo será positivo. A menor distância entre dois pontos é uma reta apenas nas ciências exatas. Na área de humanas pode ser um verdadeiro eletrocardiograma, com suas idas e vindas. Quem disse que só devemos caminhar em uma direção? Imagine um carro sem a marcha à ré. Pois é, penso que seria mais complicado dirigir.

Vejo uma onda de transferência de responsabilidades. O verbo tem sido conjugado muito na terceira pessoa do singular e do plural: ele e eles. Pode ser uma fuga inconsciente da realidade. É mais fácil culpar os outros. Tirar o nosso da reta. Está difícil refletir e assumir uma postura proativa em relação às angústias do dia a dia. Tanto no aspecto pessoal quanto no profissional.
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Sinto-me privilegiado por poder avaliar as situações do cotidiano sob diversos ângulos. Com passagens pela iniciativa privada, poder público, academia e terceiro setor ampliei bem minha visão estratégica. Certa vez, li que o ser humano tem capacidade para enxergar, de uma única vez, apenas 140 graus. Para uma visão completa de 360 graus ele teria que se movimentar muito. Cada um numa posição consegue ver a mesma coisa de um ângulo diferente. Se ficar parado, terá só a sua versão dos fatos. Portanto, a grande riqueza é trocar pontos de vista e agregar valor a sua visão inicial. Isso requer uma imensa habilidade relacional. Um exercício permanente de tolerância, resiliência, inclusão e diversidade.
Sei que o ano de 2019 não foi fácil para ninguém. A boa notícia é que ele está terminando. Não temos muito tempo para lamentar. Mas temos o tempo suficiente para rever posições, encontrar motivação e propor novos desafios para 2020. Não tenha medo das mudanças. Nem de sair da zona de conforto. Existe problema disfarçado de solução. Fique atento!
Se este ano foi bom pra você, o próximo será ainda melhor. Seja protagonista e autor das suas metas, objetivos e sonhos.
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Feliz 2020!
 
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*André Esteves é professor universitário e secretário executivo do Instituto OndAzul.