Por Sérgio Veiga Brito*
A desnecessária crise criada no abastecimento d’água nos leva a fazer algumas reflexões.

O que é a CEDAE? Como foi formada? Para que serve?
Alguns, os mais velhos, irão recordar o Rio dos anos 60, onde de dia faltava água e de noite faltava luz!

O governo da época não se acomodou, sem apoio e financiamento federal, resolveu, enfrentar o problema. Buscou no BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) recursos para construir a maior estação de tratamento do mundo (até hoje) e desaguar para o povo, através da adutora Engº Veiga Brito (antes adutora do Guandu) e do túnel canal de 43 km encrustado na rocha, a água tão desejada e esperada por anos, suficiente para abastecer toda cidade até os dias atuais.

Obra pronta – cidade abastecida, e agora? Foi necessária a criação de uma empresa capaz de estar à altura da grandiosidade e da importância que esta magnífica obra representou.

Fundou-se a CEDAG, referência e modelo para a criação da SABESP, COPASA e tantas outras.
Os anos iam passando e cada vez mais seu corpo técnico e suas políticas públicas iam evoluindo, cursos aqui e no exterior eram custeados para o aprimoramento e atualização de seus funcionários e técnicos.

Aí entrou a política, perdeu-se o respeito com a população, diretorias foram formadas para atender a partidos e interesses não muito republicanos, vide a situação atual da PRECE - Fundo de Pensão dos Funcionários. Afinal, os últimos 5 governadores estão ou foram presos.

Entenderam a origem da crise?
Em 2004 e 2001 houve também uma floração de algas, o que fizeram? Adotaram os procedimentos técnicos recomendados, diminuição de 50% na produção da água tratada pelo pelo consequente aumento no volume de operação, descarga nos decantadores e lavagem de filtros. Isto deveria ter sido feito agora, mas implicaria em uma redução no abastecimento. Não quiseram, preferiram expor a população ao risco. A solução consiste no enfrentamento da degradação ambiental da bacia hidrográfica do Guandú, causada pela absoluta falta de saneamento nos municípios lindeiros com o lançamento in natura do esgotamento doméstico em seus corpos d’água, poluição de resíduos industriais, extração mineral desordenada, desmatamento de matas ciliares e tantos outros fatores que irão permanentemente causar este transtorno.

É fundamental e necessário, a participação do Poder Estadual e dos municípios envolvidos. Sem uma atuação contundente nesta matéria, nosso abastecimento daqui pra frente estará comprometido.

Portanto, fica claro que esta crise não foi causada por problemas operacionais, ou estratégicos. É consequência direta de má gestão, pouco caso e despreparo.

Sugiro ao governador e as autoridades envolvidas que analisem a história, devolvam a CEDAE ao corpo técnico e seus gestores, gente experiente com 30/40 anos de atuação e conhecedores dos problemas e soluções. Fazendo isto, estão qualificando a empresa e como consequência, o grande beneficiário será o povo fluminense.

Ouçam mais aqueles que já provaram ter feito da CEDAE uma grande empresa.

Este será o grande debate, necessário e oportuno para que a companhia se atualize, se livre dos vícios que lhes foram impostos, e que se abra e modernize para os tempos que virão.
*Sérgio Veiga Brito é engenheiro