Copos de plástico podem levar até cerca de 400 anos para se decompor no meio ambiente, poluindo os mananciais e comprometendo a vida de inúmeras espécies marinhas. Uma saída para diminuir tal impacto seria a sua reciclagem, mas, segundo estudos recentes, os copos plásticos são os resíduos urbanos menos reciclados do mundo por causa do seu baixo custo de mercado: são necessários cerca de 250 copos plásticos para um retorno de R$ 0,20.
Esses são apenas alguns argumentos que me levaram a propor um projeto de lei que proíbe a administração pública estadual de adquirir copos e recipientes descartáveis produzidos a partir de derivados de petróleo para o consumo de bebidas e alimentos. Aprovada em primeira discussão, a proposta já recebeu uma emenda – excluindo da proibição hospitais e estabelecimentos de saúde públicos, por motivos de higiene e saúde - e voltará à pauta no início do ano legislativo. Outras contribuições poderão fomentar a discussão, mas é imprescindível levarmos adiante a proposta sem perder sua noção de urgência.
Outros argumentos nos fazem refletir sobre essa urgência. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos, no Brasil, são consumidos cerca de 720 milhões de copos descartáveis por dia. Fora o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado dessas toneladas de resíduos, há ainda o problema do desperdício de água. Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Carlos, enquanto são usados até 3 litros de água para produzir um copo descartável, é necessário apenas 300 ml de água para lavar um copo resistente. Em outra pesquisa, a Universidade Federal da Bahia revelou que o copo plástico possui em sua composição o poliestireno (derivado do petróleo) que, submetido ao calor do líquido, libera o estireno, apontado como cancerígeno.
Temos motivos de sobra para levantar essa bandeira. Como legislador, acredito que estou fazendo a minha parte e dando uma importante contribuição, não somente pela preservação do meio ambiente, mas pela conscientização de meus pares, que poderão propagar o dever de cada cidadão nessa luta. Soma-se a esses benefícios o fim dos gastos com itens descartáveis na administração pública estadual, medida econômica que contribuirá para uma causa mais do que nobre.
*Thiago Pampolha é deputado estadual pelo PDT e presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj