OPINA17FEV - ARTE O DIA
OPINA17FEVARTE O DIA
Por Isa Colli*
As escolas públicas e particulares de todo o país começam o ano letivo de 2020 com uma missão: adaptar-se em definitivo à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento já vinha sendo trabalhado nas salas de aula da educação infantil e ensino fundamental, mas este ano passa a ser exigência obrigatória. A normativa define o que deve ser aprendido a cada etapa da vida escolar. Em 2022, será a vez do ensino médio.

A BNCC foi aprovada em dezembro de 2017 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Referência para a construção dos currículos de todas as instituições de ensino, foi elaborada com a participação de especialistas e estabelece como pilares dez competências gerais que norteiam o trabalho das escolas e dos professores em todos os anos e componentes curriculares da Educação Básica. Esses pilares são um fio condutor e não uma regra rígida, logo, a escola terá autonomia para adaptar essas competências à sua própria realidade.

Entre os pilares, estão o conhecimento, os pensamentos crítico e criativo, a comunicação, a cultura digital, o projeto de vida, a argumentação, o autoconhecimento, a cooperação, a responsabilidade e a cidadania.

A BNCC aponta que a grade curricular deve ir além das disciplinas tradicionais, como matemática, português e ciências. Um exemplo de novidade introduzida no currículo de algumas escolas já antes de o documento entrar em vigor é o ensino de educação financeira. Essas aulas têm o objetivo de transmitir consciência sobre consumo e a construção de uma base equilibrada na relação com o dinheiro na vida adulta. Uma das possibilidades é criar atividades lúdicas para que os alunos lidem com situações, como aprender a dar troco e calcular o valor do custo e do lucro.

Um dos desafios da BNCC é adequar diretrizes comuns às diferentes realidades do Brasil. Embora tenha havido um período de transição para se adaptar às mudanças, alguns professores e gestores relatam que, na prática, há uma dificuldade de alinhar a BNCC à rotina escolar. A solução para evitar esse abismo entre teoria e prática é a oferta, por parte dos governos, de cursos e capacitações para os profissionais.

Espera-se que a resistência à BNCC seja vencida com o passar do tempo. É necessário um novo caminho pedagógico, o qual estimule o protagonismo dos alunos, que devem compreender os vínculos interdisciplinares do que estão aprendendo. Para isso, é primordial haver um ambiente de aprendizagem desafiador e motivador, o qual estabeleça conexões entre os distintos contextos.

A proposta é inovadora, mas talvez cause desconforto. Enfim, um novo começo para a reforma educacional.
*Isa Colli é escritora e jornalista