Gilberto Braga - O DIA
Gilberto BragaO DIA
Por Gilberto Braga*
Quando Bolsonaro foi eleito, na economia, os especialistas tinham uma expectativa muito positiva para o seu primeiro ano. Não foi tudo que se esperava, mas o crescimento do PIB ao redor de 1%, com desemprego e juros em queda e com a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso Nacional, veio a sensação de que agora em 2020 o país vai deslanchar.

Embora os chamados fundamentos da economia estejam todos corretos na visão dos economista, o surgimento do Coronavírus pode atrapalhar o performance dos negócios no mundo e nos afetar aqui, embora estejamos bem longe da China, que é o epicentro da doença.

Esse tipo de vírus requer isolamento para controlar a sua disseminação. Isso impõe que a China adote restrições à mobilidade das pessoas, o que diminui o consumo e afeta a produção pela diminuição da jornada de trabalho nas empresas. Ou seja, trava a economia do maior parceiro comercial do Brasil.

O mundo fica apreensivo e as exportações brasileiras, principalmente de commodities, sofrem bastante, com a queda nos preços e nos volumes. Considere, também, que a China recém fechou um acordo comercial com os Estados Unidos em janeiro, pondo fim a uma guerra que vinham travando com medidas protecionistas. Pelo que foi combinado, os chineses se comprometeram a comprar US$ 200 bilhões em produtos norte-americanos.

Por causa desse acordo, primeiro a China deve privilegiar comprar os produtos na terra de Donald Trump e depois dos seus demais parceiros, incluindo o Brasil. Por isso, controlar rapidamente o vírus e descobrir um antídoto, não é apenas uma solução para essa gripe asiática, mas também poderá ser a cura para a economia brasileira e mundial em 2020, devido o peso da participação chinesa atual.

Essa semana, em encontro da OMS - Organização Mundial da Saúde, os cientistas estimaram que em abril já haverá uma vacina disponível para a população. Essa perspectiva animou o mercado financeiro, que já começa a apostar que as consequências econômicas do vírus poderão ser menos drásticas e o comércio internacional poderá retomar o seu ritmo no segundo trimestre e animar a economia em 2020.
*Gilberto Braga é economista da Fundação Dom Cabral e professor de finanças do Ibmec