Gustavo Schmidt, deputado estadual (PSL-RJ) e presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj - divulgação
Gustavo Schmidt, deputado estadual (PSL-RJ) e presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerjdivulgação
Por Gustavo Schmidt*
Celebro com todos os cedaeanos e a população do Rio de Janeiro, em especial a mais carente, a notícia de que o governador Cláudio Castro avalia com serenidade a possibilidade de não realizar a concessão da Cedae nos moldes propostos pelo BNDES.

Privatizar a Cedae seria condenar as regiões mais pobres e menos rentáveis ao esquecimento. Seria jogar no lixo décadas de conhecimento sobre tratamento e distribuição de água; coleta e tratamento de esgoto. E abrir mão de uma empresa pública lucrativa. Em 2019, a companhia lucrou mais de R$ 1 bilhão, repassando ao Estado quase R$ 380 milhões.

Sempre fui contra a privatização da Cedae. Em conversas com o governador, mostrei os muitos argumentos que provam ser um péssimo negócio para o Estado do Rio entregar à iniciativa privada algo tão precioso quanto a nossa água.

A Cedae não precisa de outro dono, que não seja o povo. É preciso gestão. Não podemos cair na conversa de que não há boa gestão no setor público. Há grandes exemplos de que é possível gerir órgãos públicos com eficiência e serviços de qualidade. Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras estão aí para mostrar.

Também não podemos nos deixar levar pela propaganda a favor da privatização, que ilude a população, alardeando que serão investidos R$ 32 bilhões na Cedae, em 20 anos. O valor significa R$ 1,6 bi ao ano. Metade disso já é o que a empresa deixa de pagar de impostos anualmente, por ser pública. Sendo privada, a isenção deixaria de existir. Temos um lucro anual de R$ 1,1 bi e há a possibilidade real de triplicar esse valor investindo – há dinheiro para isso – na modernização de equipamentos e diminuição da inadimplência e furtos de água, que representam fatias significativas de perdas. Esses resultados seriam muito superiores a R$ 1,6 bi por ano.

De tão grandiosa, a Cedae sobreviveu a seguidos governos que usurparam a companhia. Ela resiste, lucrativa. Grande parte do lucro se deve aos servidores de carreira, que têm na empresa uma segunda casa; em seus colegas, uma segunda família. São funcionários que conhecem o Rio de Janeiro e sabem de cor como tocar a empresa.

A partir dessa sinalização do governador, esperamos que o próximo passo seja a nomeação de um servidor de carreira para presidir a Cedae. Será o início de uma arrancada rumo à excelência, com saneamento de qualidade, preço justo e atendimento aos mais carentes.

Sobre a Cedae servir de garantia de pagamento do empréstimo junto ao banco PNB Paribas, também há uma saída: o Projeto e Lei 2706/2020, de minha autoria junto com os deputados André Ceciliano, Zeidan, Luiz Paulo e Lucinha, propõe que recursos da Lei Kandir sejam utilizados, ao invés da própria companhia.

As evidências que mostram ser um péssimo negócio para o Rio entregar a Cedae estão mais claras do que água cristalina. Cabe a nós lutar pela não privatização da vida. Sigamos.
 
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*Deputado estadual (PSL-RJ) e presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj