Opina 03 novembro - Arte Paulo Márcio
Opina 03 novembroArte Paulo Márcio
Por Emilio Izquierdo Merlo
Após quase oito meses de quarentena, os brasileiros ainda buscam se adaptar a todas as mudanças de estilo de vida impostas pela pandemia. Muitos, no entanto, mais do que buscar “se encaixar no novo normal”, optam por aproveitar o momento para repensar como e onde vivem. O trabalho remoto tornou-se imperativo, assim como a constatação da diferença que espaços amplos podem ter na saúde física e mental.

Neste cenário pós-pandemia, a tendência de morar em casas espaçosas, em regiões de baixa densidade, com extensas áreas verdes e mais qualidade de vida se ampliou significativamente. Há novos projetos e empreendimentos com este perfil em áreas próximas à capital, como a Costa do Sol, a Região Serrana e a Costa Verde. São iniciativas com potencial de possibilitar o surgimento de “novos bairros do Rio”.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, em todo o país, 20,8 milhões de pessoas têm potencial para desempenhar suas atividades remotamente, e, destes, mais de dois milhões somente no Estado do Rio de Janeiro. Outro dado relevante é o aumento de 96% na procura por imóvel com quintal entre maio de 2019 e maio de 2020, segundo levantamento do portal Imovelweb.

Nesta linha, o Estado do Rio tem a possibilidade de abrir espaço para um desenvolvimento com ocupação sustentável, que tem como compromisso a incorporação de novas tecnologias e o envolvimento do cidadão no futuro dos territórios, em busca de uma convivência melhor, mais segura, mais inclusiva e mais justa.

O setor imobiliário está respondendo bem aos recentes anseios da população, com crescimento de até 23% na concessão de crédito imobiliário, devido às taxas de juros baixas e à noção de que o mercado imobiliário é um porto seguro em tempos turbulentos. O setor, no entanto, pelo impacto que tem na dinâmica das cidades, não está imune a cobranças. Somente os empreendedores que realmente incorporarem tecnologia em seus processos construtivos, eficiência energética e uso de energias renováveis e de materiais de baixo impacto e recicláveis conseguirão atrair e reter seus novos moradores.

Some-se a isso à obrigação de olhar para o conceito de “smart cities”, com uso de dados e inteligência artificial na gerência de ações ambientais, de transporte, resíduos, saneamento e na chamada “internet das coisas”, que deve estar integrada em edifícios e em outras aplicações. Novos projetos também devem incorporar os melhores valores de qualidade, design, segurança e integração social. Estamos diante de um cenário propício para desenvolver os “novos bairros no Rio” e promover um setor intensivo em mão de obra, que pode ajudar muito na tão necessária recuperação econômica do estado.

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Emilio Izquierdo Merlo é CEO da IDB Brasil, empresa responsável pelo projeto MARAEY