Alan Pereira  - Divulgação
Alan Pereira Divulgação
Por Alan Pereira*
Quando mais vem à tona a preocupação em conscientizar a sociedade de que todos somos iguais, não só perante a lei, mas enquanto seres humanos, mais nos deparamos com episódios absurdos de violência, intolerância, discriminação, preconceito, racismo, homofobia, entre tantas outras formas de expressão desprezível que só o homem, enquanto ser racional, é capaz de protagonizar. Há enorme dificuldade em entendermos que não somos superiores ao nosso semelhante e que, independentemente da diferença de cada um, ser humano já é o suficiente para sermos respeitados.
Num mundo tão evoluído e tecnológico ainda termos que gritar que vidas negras importam é o cúmulo do atraso. Escutar que gays e transgêneros são aberrações nos choca. Assistir deficientes físicos serem ofendidos nos revela toda nossa pequenez. Ver mulheres agredidas aflora nossa limitação. Tudo isso nos mostra o quanto somos bem mais irracionais do que muitos (se não todos) seres do reino animal.
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A recente morte do João Alberto, no Sul, demonstra não só o despreparo dos seguranças mas também o preconceito com o pobre e o negro. Algo que, aparentemente, é mais comum do se imagina, pois em 2019, também dentro de um supermercado no Rio, um vigilante matou um rapaz de 19 anos, após imobilizá-lo. Mesmo diante do apelo das pessoas ao redor, ele não aliviou o golpe, levando-o a óbito.
Independente da cor da pele, vidas importam. E é inegável que os negros, que se diga de passagem são a maioria no país (quase 60% da população), são os principais alvos. Mais de 70% dos assassinatos no país foram de cidadãos negros. Por si só esse cenário deixa explícito o racismo no Brasil. Com todo o respeito ao vice-presidente da República, sua fala foi infeliz ao afirmar que não existe racismo por aqui.
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Esse negacionismo é um dos fatores que faz com que a nossa sociedade ainda seja capenga nesse aspecto. A reação de um patrão que humilhou sua empregada doméstica, a embaixadora que agredia sua funcionária, a advogada que humilhou os funcionários de uma padaria, com palavras racistas e homofóbicas, entre tantos outros exemplos, comprovam o que se tenta camuflar.
E um ingrediente que nos deixa ainda mais perplexos é o fato de muitos utilizarem a bíblia ou o próprio nome de Deus para justificarem suas mazelas. Esquecem de que um dos principais ensinamentos de Jesus é que todos somos iguais perante a Deus e Nele não há parcialidade.
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Em tempos de pandemia, aonde um vírus nos lembra da nossa vulnerabilidade, independente de classe social, cor de pele etc., é um momento propício para, definitivamente, enxergarmos que, querendo ou não, todos somos iguais. E não nos cabe julgar o outro, mas entender que o mais importante é a vida humana.
*Jornalista e empresário
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