Aristóteles Drummond, colunista do DIA - Divulgação
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond
Manda o bom senso que o próximo ano seja o da reconstrução dos estragos provocados
pela pandemia, que promete ser superada até o final do primeiro trimestre de 2021.
No caso específico do Rio de Janeiro, a pandemia vem sendo um agravante, mas a
crise foi criada pelos quatro anos equivocados do prefeito Marcelo Crivella. Não fez por
mal, mas não soube fazer o bem e foi levado ao desespero diante da iminência da derrota.
As obras da Avenida Brasil, a via de maior circulação de pessoas, de trabalhadores, passou
quatro anos praticamente paradas, numa total insensibilidade para o sofrimento dos que
não podiam contar com outro acesso à cidade. Os prédios destinados aos funcionários
municipais, no projeto Porto Maravilha, ficaram abandonados, prejudicando o projeto de
fazer daquela área recuperada um modelo de unidades comerciais de alto nível e moradia.
O Rio é a única grande capital do mundo que não tem habitação na sua área central.
O alheamento ao crescimento da população de rua, que fez do centro da cidade e de
Copacabana dormitórios a céu aberto, foi um equívoco de tolerância humanitária. Resultou
no contrário, expondo uma cruel indiferença do poder público para condições sub-humanas
de vida e prejudicando, inclusive, aqueles que contribuem para o Erário com seus
impostos. Faltou coragem, criatividade, generosidade. A cidade foi apequenada.
Eduardo Paes, apesar das imensas dificuldades, sabe governar, é ágil e vai repetir a
sabedoria dos mandatos passados e se relacionar bem com o governador do Estado e o
presidente da República. Sabe que foi eleito por ser bom gestor e não por ser bom político,
nem ter posição ideológica. Este, sim, foi votado pelo Arco da Sociedade, até por quem
não simpatiza com ele, mas gosta da cidade.
Ao ressuscitar o Rio é que vai ganhar a relevância que teve nos dois mandatos,
atropelados pelos fatos nacionais e por um erro político local na escolha de seu candidato
na sucessão.
Certamente não vai fazer política. Lembrará ao presidente que ele e dois de seus
filhos são políticos cariocas, que têm natural responsabilidade em ajudar a cidade que os
acolheu em tantos mandatos.
Há pautas que exigem pouco dinheiro e vontade política do Planalto, como a
liberação do jogo, que empregará direta e indiretamente 20 mil pessoas na cidade, o
estímulo a grandes empresas para ocuparem os espaços vazios no centro, incluindo o Porto
Maravilha, e o apoio ao projeto de aproveitamento da zona portuária. Outras são recuperar
a rede federal de hospitais como o de Bonsucesso, Andaraí, Ipanema, subutilizados, e
investir na habitação popular, com novas unidades e com a restauração dos conjuntos
habitacionais que a cidade abriga, desde os criados por Getúlio Vargas aos feitos pelo
BNH no período militar. E um projeto sério de reinserção na sociedade da população de
rua e da mocidade desempregada nas comunidades.
A união é a chave do sucesso. Parabéns, Eduardo Paes, pela vitória e pela elegância
diante de um jogo tão sujo que foi a campanha feita por seus opositores.
O Rio é a cidade maravilhosa, abençoada por Deus e bonita por natureza.