Myrian Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas
Myrian Lund, economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio VargasDivulgação
Por Myrian Lund*
Se pegou um empréstimo, um consignado, um financiamento imobiliário, você tem uma dívida, você está endividado. O endividamento nem sempre é ruim pois, quando ajuda a alavancar a vida pessoal, a gerar mais patrimônio, os benefícios são positivos. O desafio está em se planejar: o que você vai reduzir nas despesas para caber a prestação? O segredo está em anotar numa planilha, num caderno ou mesmo no celular como vai pagar as parcelas do crédito.
Sem esse planejamento, você vai ter dificuldades para pagar a primeira prestação e vai necessitar entrar no cheque especial. No mês seguinte, além do cheque especial, não conseguirá pagar toda a fatura do cartão. No terceiro mês, pedirá um novo empréstimo. Alívio por um mês! Ufa! Mas quem vai pagar esta nova prestação? E o ciclo se repete. Agora você tem duas prestações, além das despesas normais do mês.
Publicidade
Cuidado, você está passando para a fase do endividamento em risco que é caracterizado pelo uso concomitante do cheque especial, parcelamento do cartão e crédito pessoal.
O que pode ser feito? Assumir que precisa fazer uma planilha de receitas e despesas do mês e dos próximos 12 meses. Os próximos 12 meses são importantes pois existem desembolsos que são esporádicos, em um mês, ou três meses subsequentes, ou de 90 em 90 dias, e você precisa ter tudo isso anotado. A contabilidade mental só funciona para as grandes contas e se forem poucas, se não caem no esquecimento.
Publicidade
As prestações cabem no orçamento? O que você pode cortar, reduzir, para pagar as despesas essenciais mais os empréstimos?
Dicas: veja as taxas de juro dos seus empréstimos e busque alternativas mais baratas na mesma instituição (converse com o seu gerente) ou faça a portabilidade do crédito para uma nova instituição.
Publicidade
Não está conseguindo equacionar o pagamento de todas as contas no mês e a renegociação com o seu banco está difícil. Não aceite aumento da taxa de juros. Vamos ao próximo passo.
Abra conta numa nova instituição financeira: cooperativa de crédito, banco digital ou mesmo num banco tradicional, mas: sem cheque especial, sem cartão de crédito e usando apenas os serviços essenciais que os bancos oferecem, não aceitando o pacote de tarifas. O Banco Central (Resolução 3.919, Art. 2º, inciso I) determina que os bancos devem oferecer gratuitamente os serviços básicos: dez folhas de talão de cheque, cartão de débito, serviços eletrônicos sem limite (celular ou aplicativo), quatro saques mensais e dois extratos no caixa ou terminal eletrônico.
Publicidade
Com nova conta aberta, faça a portabilidade do seu salário. Agora vamos iniciar a negociação dos empréstimos que você já tem, do cheque especial e do saldo do cartão. Importante: só feche um novo contrato se você tiver certeza que poderá pagar. Enquanto isso, venda os bens que não usa mais, e procure novas alternativas de renda para pagar progressivamente todas as contas pendentes.
Essa etapa é importante para não cair no superendividamento, que é quando além das dívidas bancárias, pegou dinheiro com familiares, não consegue pagar as contas essenciais, o nome está sujo, não pode abrir uma nova conta bancária, a relação familiar está deteriorada, não consegue trabalhar direito, está com sintomas de depressão... Neste caso a melhor saída é procurar ajuda externa com um Planejador Financeiro, ou, gratuitamente, no Núcleo de Defesa do Consumidor na Defensoria Pública da sua cidade.
Publicidade
Não deixe para amanhã, comece agora a mudança, construa o seu futuro, a sua felicidade.


*É economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas