Aristóteles Drummond, colunista do DIA
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond*
O presidente Bolsonaro vai virar um case na história do Brasil. Desafio para historiadores, analistas políticos, psicólogos e psiquiatras. Foi eleito de maneira espetacular, com votação inédita, cercado de grandes esperanças. Discurso econômico, que é o que mais interessa à população sofredora, impecável. Montou um ministério de bons quadros nos postos relevantes, embora tenha se equivocado demais na Educação. Deveria ter recrutado no setor privado ou nos militares. O general Ruben Ludwig, ministro da Educação de Figueiredo, é lembrado como um dos melhores da pasta.

No entanto, apesar de tanto prestígio e expectativa tão positiva, foi levado por maus conselheiros a imaginar conspirações contra ele e colocar gente sua nas ruas. As manifestações que assistimos, em 2019, são próprias de oposicionistas e não de governistas. Tratou logo de brigar com os demais poderes, prejudicando o andamento dos seus projetos modernizadores do país. E não soube lidar com a mídia.

Surpreendido pela pandemia, quando as coisas começavam a dar certo, reagiu negando a dimensão da tragédia que se abate sobre o mundo. Errou ao entregar aos estados e municípios grandes somas para equipar o setor de Saúde, quando deveria ter mandado o material. Acabou vendo o dinheiro sumir na corrupção.
Uma avaliação isenta do governo constata mais acertos do que erros. Trabalho silencioso na desburocratização – apesar da perda do eficiente Paulo Uebel –, nas rodovias, ferrovias e nos portos, além do show na agricultura. As estatais deixaram de dar prejuízos e ser foco de corrupção. E, agora, está melhorando politicamente com as boas relações com as mesas do Congresso Nacional. Um grande avanço para obter reformas que gerem empregos e aumente a arrecadação.
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A PEC emergencial, tão badalada nestes dias, é, na verdade, tóxica, pois se trata de gastos, de endividamento, de emissão de moeda. O Brasil precisa é de empregos, e não de mesadas. Tudo passa pela imunização que está lenta e restrita ao PNI.

A compra de imóvel de alto luxo pelo senador Flávio Bolsonaro parece ter sido uma operação normal, mas convenhamos que inoportuna, imprudente, já prevista pelo próprio que seria polêmica. Homem publico tem de abrir mão de sua privacidade. Negrão de Lima dizia que no poder, direta ou indiretamente, não se compra nem se vende nada. E os adeptos foram defender a compra pelo lado da origem do dinheiro, até aqui não
questionada.

Os brasileiros de bom senso, sem ideologia e sem ódio no coração terão, nestes dois anos, de conviver com um presidente que é mal-educado, imprudente, mas bem-intencionado. A conclusão que se chega, com realismo e patriotismo, é do velho dito popular que diz que “ruim com ele, pior sem ele”.
Mas que Bolsonaro, pelo menos, no caso das vacinas, libere para o setor privado, sendo mais racional a doação ao SUS da metade importada, e venda para a população em geral, clínicas privadas, laboratórios e hospitais, vetando restrições a liberdade de quem compra e paga faz com o que compra o que e quando bem entender.
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*É jornalista