Opinião 16 março
Opinião 16 marçoPaulo Márcio
Por Randolfe Rodrigues*
A produção de diferentes vacinas contra o novo coronavírus em tão curto espaço de tempo é uma vitória da Ciência. E só foi possível graças ao empenho e esforço conjunto de milhares de pesquisadores espalhados em laboratórios ao redor do mundo com o objetivo único de encontrar um imunizante capaz de interromper o ciclo de contaminações decorrentes da covid-19 e seguro o bastante para aplicação em larga escala na população planetária.

Estas vacinas também representam a perspectiva na retomada da normalidade ao dia-a-dia das populações e o reaquecimento das economias, devolvendo nações ao caminho do desenvolvimento no compasso do avanço das campanhas de imunização em curso nos países.

O Brasil ainda patina na imunização de sua população a despeito do sentimento popular captado quando falamos em vacinas: o povo brasileiro quer ser vacinado. Pelo menos esse é o resultado de uma pesquisa conduzida no final de fevereiro em todo o país sob a responsabilidade da Travessia Estratégia e Marketing e encomendada pelo jornal Valor Econômico.

Aproximadamente 83% das pessoas entrevistadas gostariam de ser vacinadas, sendo que 79% delas manifestam confiança nos imunizantes que vêm sendo aplicados no Brasil. Estes números podem estar relacionados com a percepção das perdas financeiras decorrentes da pandemia. Afinal, 80% dos entrevistados tiveram a renda familiar prejudicada com 72% deles acreditando que as consequências ainda vão perdurar por um bom período.

O papel do governo federal no enfrentamento da pandemia e organização da campanha nacional de vacinação também foi sondado. Cerca de 59% desaprovam a atuação frente a pandemia e 60% acreditam que falta organização na campanha de imunização, sendo que 66% dos entrevistados não confiam na capacidade do presidente em gerenciar a crise do coronavírus.

De certa forma, a recente aprovação do PL 534/21 dá uma resposta a essa desconfiança generalizada sore a competência do governo federal na condução da vacinação em escala nacional. Relatado pelo nosso mandato no Senado Federal e aprovado em curtíssimo espaço de tempo no Congresso, a nova legislação desburocratiza a entrada de imunizantes no país ao compartilhar entre estados, municípios e União a responsabilidade civil sobre as vacinas. Trata-se de um procedimento padrão em nível global que era, estranhamente, um dos entraves para a entrada de novos imunizantes no Brasil.

Mais do que isso, com a aprovação do PL, estados, municípios e empresas privadas expressamente adquiriram o direito de comprar vacinas de forma complementar ao governo federal, dando o necessário reforço ao Plano Nacional de Imunização. Importante destacar que as empresas que comprarem vacinas obrigatoriamente terão que doar 50% das doses adquiridas ao SUS e só poderão usar o resto após a vacinação de todos os grupos prioritários presentes no PNI, sendo qualquer tipo de comercialização proibida.

Apesar da injustificável demora, é de se comemorar a sanção do projeto de lei, que pode ser denominado como “Lei da Vacina” e que vem em boa hora, justamente quando o próprio governo federal admite o risco real e iminente de faltar vacina, revelando mais um capítulo da incompetência do presidente em enfrentar a pandemia.
*É senador da Rede-AP