Marcos EspínolaDivulgação

Por Marcos Espínola*
A polarização que toma conta do país precisa ser vista e revista com muita atenção, pois se em 2018 já ultrapassou alguns limites, com a entrada do representante maior da esquerda no país na disputa isso tende a se acentuar. Exemplo disso foi o que vimos no último sábado (29 de maio), em Recife, quando houve confronto entre a força policial e manifestantes, resultando em dois casos graves, dos quais as vítimas correm o risco de perderem a visão. Faltando mais de um ano das eleições, cabe às autoridades traçar um planejamento minucioso para que tais situações sejam evitadas, preservando a democracia e a segurança do cidadão.
O discurso inflamado de ambas as partes, seja esquerda ou direita, só piora o cenário. O ódio dos dois lados contamina e aguça os ânimos, o que pode levar a consequências catastróficas e que nada tem a ver com a democracia. A liberdade de expressão é legítima, garantida num Estado democrático de direito. E, para isso, um ingrediente é fundamental: o respeito. Precisamos aceitar quem pensa diferente e acredita num caminho oposto. E esse exemplo deve vir de cima, não só daqueles que estão no Poder como também da oposição, todos os líderes partidários que mobilizam correligionários, simpatizantes etc.
Publicidade
Consciência e responsabilidade são primordiais para que cada opinião seja ouvida e cada grito seja ecoado livremente, sem que um lado queira calar o outro. A arma que determina o futuro é o voto. Este sim é soberano, sendo desnecessário os confrontos e o derramamento de sangue.
O comando das polícias deve exercer seu protagonismo, pois são elas as responsáveis pela manutenção da ordem urbana. São os policiais que ficam na linha de frente. Assim, esse plano de ação precisa ser traçado junto com as corporações que deve, cada vez mais, ser treinada e preparada para lidar com as manifestações de uma polarização extremista jamais vista no Brasil.
Publicidade
Os recursos adotados, como gás lacrimogênio, spray de pimenta, entre outros, são utilizados para dispersar a multidão, conter o excesso, mas precisam ser utilizados com cautela, sem exageros. Algo que treinamento adequado certamente pode ajudar. Questionar as urnas e o processo eleitoral, ofender o governo, xingar o lado oposto e pôr em xeque a imprensa são atitudes convenientes e desnecessárias, além de perigosas, pois só estimulam a violência e pode levar agressões e, em última escala, a morte. Posturas como estas “brincam” com um risco eminente de termos, se nada for feito, uma tragédia que desde já se anuncia.

*É advogado criminalista e especialista em Segurança Pública