Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

Por Aristóteles Drummond*
Ao contrário dos intelectuais e acadêmicos que acham que o mundo será outro no pós-pandemia, no que eles se referem vai ser, ainda por décadas, a mesma coisa. O egoísmo vai permanecer, depois de rápida suspensão pelo medo gerado pela pandemia; a desigualdade econômica e, sobretudo, social voltará a seus trilhos; os políticos vão continuar indiferentes a medidas racionais para melhorar a vida dos povos, primeiro eles e seus interesses. O Estado vai continuar inchado e entidades não governamentais, sejam multilaterais ou entidades de classe, obreira ou patronal, vão continuar a ser terreno fértil para vaidades, ambições e empreguismo bem-remunerado.
As mudanças estão aparecendo na maneira das pessoas, das classes médias para cima, de encararem o seu dia a dia, no sentido mais direto de decisões pessoais sem nenhuma conotação de consciência social ou o que estes “estudiosos” gostam de definir como sociologicamente. Na verdade, tudo se relaciona ao prazer de usufruir da vida, do que os ganhos maiores possam permitir. O espiritual, religioso, pode permanecer nos sobreviventes.
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Os rumos do mercado são democráticos, pragmáticos, realistas. Não tem lugar para “análises antropológicas”. O imobiliário muda, sim, com as pessoas procurando viver melhor, morar com mais conforto, segurança. Por isso, os lançamentos imobiliários dotados de modernidade e racionalidade estão tendo sucesso. E mais, uma parcela da população resolveu mesmo ficar em suas segundas residências ou naquelas escolhidas para fugir aos riscos da contaminação urbana.
Os empreendimentos com cerca de 120 quilômetros, em média, dos grandes centros são sucesso. Vale verificar a valorização em São Paulo, de Atibaia, Bragança Paulista – Baroneza – Boavista, Itaúna e dos antigos condomínios fechados praticamente dentro da capital. No Rio, a Região Serrana vive um boom, com reflexos no trânsito nos distritos de Petrópolis, por exemplo.
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A transformação de hotéis em residenciais de alto padrão prospera. No Rio, certamente o destaque será a mudança de destinação do tradicional Hotel Glória, próximo ao Centro e ao aeroporto, e com vista deslumbrante para a Guanabara. Em Belo Horizonte, a qualidade de vida está a partir de Nova Lima, ao longo da BR 040. Com o office home, há o prazer do convívio familiar e a ausência de engarrafamentos e
insegurança.
Na gastronomia, os restaurantes de melhor qualidade devem ficar reduzidos, com a diminuição da clientela que descobriu que se pode comer melhor em casa e sem muito trabalho. Em Itaipava, a 70 quilômetros do Rio, uma cozinha experimental de alta gastronomia, Jolie Cuisine, empreendimento de pessoas de alto nível cultural e preparo profissional internacional, explodiu com meia dúzia de pratos semiprontos, que concorrem com poucos restaurantes pela qualidade. Não é barato, mas compensa pelo prazer e pela oportunidade de usufruir das casas e dos amigos, sem maiores complicações. A pandemia sofisticou os supermercados Premium de São Paulo e Belo Horizonte e as delis de Brasília.

O turismo deve ser mais nacional, com a descoberta do altíssimo padrão em locais do Nordeste – Trancoso, Morro de São Paulo e Maraú são exemplos baianos – e da costa fluminense sul, a paulista norte, a ser contemplada com melhorias na BR 101.
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Esta são as mudanças, sem avaliações dos “professores” ouvidos nas televisões, mas não entendidos pela população. Falam sobre o sexo dos anjos. A teoria na pratica é outra.
*É jornalista