Dani Monteiro (PSOL)Divulgação/Alerj
Apesar da Lei de Cotas e da instituição da bolsa permanência, a estabilidade do aluno negro e pobre no Ensino Superior segue uma tarefa material e simbolicamente árdua. Foi justamente essa dificuldade e a compreensão de que a universidade também é lugar do povo negro e pobre que passei a me movimentar na luta pela melhoria do Ensino Superior público no Rio de Janeiro.
A militância no movimento estudantil está em mim. Recordo um episódio de negociação do comando de greve estudantil, em 2016. Reivindicávamos um aumento na Bolsa Permanência que, na época, era de R$ 400. O então líder do governo, Edson Albertassi (PMDB), prontamente nos disse que os alunos da Uerj seriam demasiadamente “caros” para os cofres públicos, e deveríamos agradecer pelo que já era “dado”. Um ano após esse ocorrido, o então deputado foi preso, acusado de participar de um grande esquema de desvio de dinheiro público. A história mostrou quem defendia a melhor aplicação dos recursos do Estado.
Apesar do descompromisso e dos desinvestimentos de sucessivos governos, a Uerj figura como a 8ª melhor universidade do país e a 13ª melhor da América Latina. De lá, também sai 1% das citações de artigos/papers publicados em todo o mundo, segundo dados do Portal da CAPES. À excelência acadêmica soma-se uma grande capacidade de inclusão: de 2003 até aqui, 26 mil alunos tiveram entrada franqueada pelas cotas garantidas em lei.
Por favor, não me digam que esses números e fatos não contam. Por favor, não me digam que não é assustador e temerário que um deputado, a serviço do governo, proponha matéria legislativa pela extinção de uma universidade do porte e importância da Uerj. Tal proposta, que desconsidera a contribuição fundamental para o desenvolvimento econômico e social do estado, é uma tentativa de trapacear, em última instância, o eleitor.
*É deputada estadual pelo PSOL e presidente da Parlamento Juvenil da Alerj
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