Alfredo E. Schwartz, presidente da AeerjDivulgação

Por Alfredo E. Schwartz*
Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner nos deixaram na semana passada. Os dois, cada qual em sua área, fizeram parte de uma geração de arquitetos que deu projeção internacional à arquitetura brasileira. Os dois que mais se destacaram, a meu ver, foram Oscar Niemeyer e Sergio Bernardes. Conheci bem Sergio Bernardes, de quem fui amigo, e trabalhei com o escritório de Oscar Niemeyer no desenvolvimento do Projeto do MAC.
Sergio era uma pessoa muito à frente do seu tempo. Seus projetos continham soluções e métodos construtivos que só vieram a ser desenvolvidos muito tempo depois. O Pavilhão de São Cristóvão com seu teto de lona tensionada, o Hotel Tropical de Manaus com a sua cúpula transparente (que a Varig, proprietária do hotel, não topou bancar), o estudo para a ligação fluvial de todo o Brasil, entre outros, são exemplos da sua genialidade.
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Já Niemeyer, o nosso mestre maior, usava a forma como ponto de partida. Joaquim Cardoso, Bruno Contarini, entre outros engenheiros calculistas que trabalhavam com ele, cortavam um dobrado para tornar factíveis as lindas criações do mestre.
Eu cursei a Faculdade Nacional de Arquitetura, hoje FAU UFRJ, primeiro na Praia Vermelha, depois no Campus do Fundão. Nossos professores eram em sua grande maioria profissionais de renome, não só arquitetos e urbanistas, mas calculistas, projetistas de instalações prediais, especialistas em mecânica dos solos, etc. Enfim, o curso nos habilitava a exercer a profissão com todo o conhecimento teórico necessário. A experiência prática começava a ser adquirida nos estágios, assim como a escolha do rumo que iriamos tomar depois de formados.
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A formação eclética que tivemos nos proporcionou uma visão panorâmica do mundo, sem nos curvarmos a modismos e preconceitos, com a mente e o coração abertos. Portanto, aí vai o meu conselho aos jovens para a escolha da carreira: se têm preferência pelas Ciências Humanas, mas também gostam das Ciências Exatas, venham para a Arquitetura e não se arrependerão.
No mais, cuidem-se, evitem aglomerações, pratiquem distanciamento social, usem máscaras, álcool 70, e tomem a vacina assim que puderem. Até o próximo artigo.

*É presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj)