Marcos EspínolaDivulgação

Por Marcos Espínola*
Depois de um mês e meio de instaurada, a comissão parlamentar de inquérito, intitulada CPI da Covid, no Senado, nos passa a sensação de que não chegará a lugar nenhum. Em verdade, o próprio governo parece não estar tão preocupado, com o presidente da República promovendo desfile de motos e aglomerações sem temer quem quer que seja. Enquanto isso, nosso Legislativo caminha vagarosamente, deixando de lado temas que merecem maior atenção, como as reformas. Uma postura que representa bem o parlamento brasileiro, priorizando o caráter político em detrimento de tomadas de decisão em prol do bem coletivo.
Em verdade, os resultados dessa CPI não têm prazo para acontecer, se acontecer. Cada um de nós nos perguntamos o que efetivamente teremos ao final de todo esse aparato. Já está claro para todos a posição do governo frente à pandemia. Agiu assim desde o começo. E, na realidade, não há crime, pois todos os fatos nos levam a crer que a problemática está muito mais na esfera de gestão do que de um crime propriamente dito.
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Neste contexto, muitos vão achar que a cautela era necessária para a melhor negociação da aquisição das vacinas. Outros consideram que faltou agilidade, seja por incompetência, seja por uma aposta em outro viés, o tratamento precoce. O fato é que o governo nunca negou seu posicionamento. O discurso, no geral, se manteve, não escondendo de ninguém o que acredita e prega.
Dessa forma, quanto tempo mais ficaremos assistindo a um festival de perguntas, com respostas sem qualquer comprometimento e que, na prática, não chega a lugar nenhum?
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Se senadores e também deputados acreditam que houve negligência ou algo que caracterize crime de responsabilidade, o viés é outro, ou seja, o pedido de impeachment, no caso do presidente da República. Aliás, são mais de 100 pedidos na mão do presidente da Câmara dos Deputados.
Só há esse caminho e se não é o caso, que se cobre sim o avanço da vacina e sigamos em frente. O parlamento tem que trabalhar, caminhar para frente. Do jeito que está, a CPI não é de inquérito parlamentar e, sim, uma comissão midiática, com ênfase na política. É enxugar gelo num momento que o país precisa caminhar, reaquecer a Economia, gerar emprego, pensar na Segurança pública, entre outras medidas urgentes que atingem o país inteiro.


*É advogado criminalista e especialista em Segurança pública