Alfredo E. Schwartz, presidente da AeerjDivulgação

Por Alfredo E. Schwartz*
Apesar do tráfico, das milícias, dos desmoronamentos, dos 50ºC à sombra, o Rio de Janeiro continua lindo. Uma caminhada na Lagoa, no Parque da Catacumba, na Floresta da Tijuca, um passeio de barco pela Baía da Guanabara, uma pedalada pelas diversas trilhas das montanhas, redime o Rio de todas as mazelas. Mas nem por isso podemos deixar de pensar em como tudo poderia ser diferente.

Não vai tão longe o tempo em que os camelôs expunham suas mercadorias em cima de lonas, que eles recolhiam para saírem disparados ao grito de “olha o rapa!”. Depois, passou a ser tolerado o comércio de rua, desde que sobre rodas, em carrinhos ou triciclos. E, passo a passo, fomos caminhando para os verdadeiros mercados em que se transformaram nossas ruas principais.

As comunidades foram crescendo, invadindo áreas devolutas, onde vão sendo erguidas edificações que, além de precárias, desfiguram a paisagem, sem nenhuma reação das autoridades responsáveis. Na maior parte das grandes cidades do mundo, as áreas montanhosas são as mais valorizadas, as florestas urbanas são preservadas, cuida-se para que os cursos d’água mantenham sua beleza. No Rio, ocorre o contrário: comunidades crescem escalando encostas e construindo nas margens de lagoas e rios, com a complacência das autoridades.

O turismo, uma das principais vocações da cidade, vem caindo muito com a má fama decorrente dos assaltos frequentes, embora Copacabana continue sendo um destino procurado por turistas de todo o Brasil e do mundo.
Felizmente agora temos um prefeito comprometido com a solução dos problemas do Rio, que se agravaram muito com a administração caótica do seu antecessor. O secretário Pedro Paulo, em entrevista recente na Associação Comercial, divulgou o plano de trabalho da prefeitura, apontando os problemas, suas soluções, e prazos para a tomada das providências necessárias. Vamos poder voltar a dizer com orgulho que somos cariocas, por nascimento ou adoção.
Publicidade
Infelizmente, quanto à atuação da Secretaria de Finanças da prefeitura, já não podemos fazer os mesmos elogios. As empresas de engenharia que prestam serviços ao município estão passando por enormes dificuldades, decorrentes da falta de pagamento dos restos a pagar que vêm desde a primeira administração do prefeito atual.

A lei manda que seja obedecida ordem cronológica para o pagamento das dívidas dos órgãos da administração pública, o que vem sendo sistematicamente ignorado pelo prefeito. Também não poderiam haver licitações para novas obras, pois estas contratações iriam redundar em faturas que não poderiam ser liquidadas e pagas antes da quitação dos restos a pagar pendentes.

O prefeito paga a quem quer e quando quer, e os critérios de escolha das faturas que são pagas não são revelados. E continua a afirmar que está auditando todos os compromissos da prefeitura. Nenhum órgão do governo responde a pedidos de informações sobre o andamento destas auditorias. 

Segundo dados da Prestação de Contas do primeiro quadrimestre, publicados pela Controladoria Geral do Município, o valor total dos restos a pagar era, em números redondos, R$ 3 bilhões. No quadrimestre, foram pagos R$ 1,2 bilhão em títulos processados, e R$ 480. milhões em títulos não processados, e foram cancelados R$ 280 milhões.

Mas, voltando a assuntos mais agradáveis, o outono deste ano tem nos proporcionado dias luminosos. Cada nascer do sol nos convida a acreditar que tudo vai melhorar, que vai ser todo o mundo vacinado, que a pandemia vai passar. Só não dá para acreditar que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário vão começar a cumprir o seu papel com sabedoria e honestidade. Aí também já é querer demais!

No mais, é usar máscara, álcool 70º, evitar aglomerações, tomar a vacina. Até o próximo artigo.

*É presidente-executivo da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)