opina10agoARTE O DIA

Com o avanço da vacinação e a expectativa de dias melhores no segundo semestre, as empresas de todos os portes e setores - indústria, serviços, comércio e agropecuária - estão focadas em ações para uma retomada mais consistente de suas atividades. No entanto, dentre outras, a crise hídrica é um ponto que preocupa e liga o sinal de alerta com relação ao fornecimento de energia para o processo produtivo, por exemplo.

Para se ter uma ideia, os reservatórios das usinas hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste - que concentram 70% da capacidade dos reservatórios do país – operam no patamar de 25% da capacidade de armazenamento de água. Ao longo de 11 anos, esse é o pior cenário para o mês de agosto.

A previsão para os próximos dias é de que chova menos do que a média histórica nessas duas regiões e que, no fim do mês, o nível desses reservatórios esteja em patamar crítico, de 21,4% da capacidade total de armazenamento. Já o consumo de energia elétrica no país, em grande parte abastecido por esses reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, deve crescer 4,6% na comparação com 2020, principalmente por conta do processo de retomada econômica.

Diante do cenário, algumas medidas estão sendo tomadas pelo governo com objetivo de garantir o equilíbrio no fornecimento de energia, como a flexibilização das vazões da Bacia do Paraná e a importação do insumo. Um maior acionamento de termelétricas também acabou sendo necessário diante do momento crítico, mas, além de resultar em aumento de 52% na tarifa da bandeira vermelha e elevação de 14% na conta de energia eletrica (luz) de uma indústria de médio porte, não minimizou o risco de insuficiência energética.

Acompanhamento diário feito pela Firjan, para atualizar e orientar os industriais fluminenses, confirma que o momento exige atenção e que novas medidas do governo são extremamente importantes. A adoção de incentivos para os consumidores residenciais, que também já estão sentindo os efeitos negativos da crise, é uma das ações que podem ser implementadas.

Pelo lado da indústria, a adequação e a melhoria do processo produtivo estão entre as nossas prioridades. O enquadramento tarifário correto, a produção em turnos fora do horário de pico, a substituição de determinados equipamentos e a instalação de painéis fotovoltaicos são medidas que incentivamos e contribuímos, disponibilizando consultoria de equipe especializada para que o impacto da crise seja minimizado.

A situação é grave e a união de esforços é essencial para atravessarmos este período. Nós, da indústria fluminense, estamos dispostos a colaborar no que for possível para que a energia para a retomada econômica esteja garantida.
E, para o médio e longo prazo, continuaremos defendendo mudanças estruturais no setor elétrico, entre elas a ampliação do mercado livre, a redução de encargos e subsídios, a atualização dos sistemas computacionais da operação e a inserção de novas tecnologias, possibilitando modernização que assegure o fornecimento e preços competitivos para que o setor produtivo possa ser cada cada vez mais forte.
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Luiz Césio Caetano é 1º vice-presidente da Firjan