Guilherme Fonseca Opinião O DiaDivulgação

O monitoramento periódico de pontes, passarelas e viadutos é uma prática que precisa ser implementada na administração pública. Representa, antes de tudo, a preservação da vida, impedindo ou reduzindo o risco de colapso da estrutura, que em determinados casos pode significar acidentes com vítimas fatais. Representa, também, a economia de recursos públicos, tendo em vista que as ações de manutenção e conservação preventivas podem prolongar a vida útil destas estruturas, reduzindo a necessidade de investimentos em restauração ou recuperação.
Apenas para se ter uma ordem de grandeza, a estimativa para zerar o déficit de infraestrutura do país, há seis anos, era de R$ 600 bilhões, de acordo com estudos à disposição do Ministério dos Transportes, como informa Vicente de Britto Pereira, no livro “Transportes, História, Crises e Caminhos”, edição de 2014. Com esses recurso, seria possível construir 285 quilômetros de metrô, considerando uma linha subterrânea ou mais de nove milhões e 300 mil casas populares de 46m², considerando o preço do metro quadrado construído de R$ 1.400.
Quando presidi o Instituto Estatual de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (IEEA), iniciamos a implantação de um programa cuja finalidade era exatamente prestar assessoramento técnico em vistorias preventivas em obras como pontes, passarelas e viadutos. Existem muitas estruturas sob a gestão dos municípios que não possuem quadros técnicos especializados para atuar neste tipo de vistoria técnica.
E a solução, como observamos no Estado do Rio, seria a criação de curso especializado para vistorias nesse tipo de estruturas, ampliando a oferta de técnicos à disposição dos municípios e do próprio governo estadual. Analisando os 92 municípios do Estado do Rio e as principais ligações rodoviárias de cada um, concluiu-se que 53% dos distritos-sede estão conectados ao sistema rodoviário por meio de rodovia estadual e 47% por rodovias federais.
Nesse cenário, considerando as deficiências da gestão pública sob os aspectos técnicos e financeiros, é fácil deduzir que parcela significativa das estruturas não é monitorada periodicamente, representando alguns riscos. A interrupção do tráfego numa via, devido ao colapso na estrutura de uma ponte, causa inúmeros transtornos para a população e prejuízos econômicos para empresas devido ao aumento do tempo de viagem no transporte de cargas.
Há situações no nosso estado onde a ligação rodoviária pavimentada ocorre por apenas uma via e, na hipótese de bloqueio, as alternativas são caminhos de terra, que em período de chuvas dificultam o deslocamento, principalmente para ônibus e caminhões.
Territorialmente, o Rio é o menor da Região Sudeste, com 43.750 km². Apenas para comparação, Minas Gerais é 13 vezes maior, com 586.513,993 km²; e São Paulo é quase seis vezes maior que o território fluminense.
Além da capacitação técnica dos servidores do IEEA para a formação de especialistas no monitoramento deste tipo de estruturas, ampliando a oferta de serviços para assessoramento técnico aos municípios, o governo estadual poderia formar um valioso banco de dados, com mapeamento georreferenciado de todas as estruturas que compõem o sistema rodoviário do Rio, auxiliando, não apenas o planejamento do monitoramento físico, mas a fiscalização e o controle de qualidade de obras e planos regionais para os setores industrial, agrícola e turístico.

Guilherme Fonseca é arquiteto urbanista, gestor público, ex-presidente do IEEA.