Dr. Carlos Eduardo de Mattos é vereador (Podemos) e doutor em cardiologia pela UFRJ Divulgação

A semana que passou envolveu a discussão sobre a aplicação ou não da vacina contra a covid-19 em adolescentes na faixa de 12 a 17 anos. O Ministério da Saúde orientou a interrupção dessa aplicação. A resposta veio rapidamente: 20 capitais e o Distrito Federal ignoraram a orientação do ministério. Política à parte, o Brasil precisa correr para imunizar toda a população, ou chegar a um percentual de 80% do total.
A vacinação de adolescentes (12/17 anos) foi testada apenas com o imunizante da Pfizer, e os estudos científicos apontaram que o risco é irrelevante, ou seja, é muito seguro aplicar as duas doses nos adolescentes. Se a estratégia é garantir uma curva vacinal ampla para que haja um bloqueio de transmissão do vírus, os adolescentes devem ser vacinados.
O fato é que estamos ainda muito atrasados. Não conseguimos vacinar nem 40% da população, enquanto há países, como Portugal, que já superaram os 80% de imunizados. Com isso, as amargas medidas de restrição sanitária que afetam a economia, o turismo, a vida das pessoas em geral, podem aos poucos saírem de cena. Um exemplo é Madri, na Espanha. Com taxa de infecção mais baixa em 12 meses e mais de 76% da população vacinados, a cidade já removeu a maioria das restrições.
A estratégia de vacinar adolescentes não pode deixar de lado a imunização de outras faixas etárias. O que vemos atualmente são iniciativas acertadas de cidades e estados em vacinar pessoas acima de 18 anos, é preciso mais do Ministério da Saúde. Imaginar que vacinar esse público aumentará a capacidade de bloqueio de transmissão é uma estratégia perfeitamente valida e justificável tecnicamente.
Sobre a terceira dose para idosos, imunossuprimidos e pacientes com comorbidades, pesquisas já apontaram em Israel – e em outros países que adotaram essa estratégia – que o reforço foi um sucesso. Pfizer e Moderna são duas gigantes farmacêuticas que na semana passada indicaram que o efeito imunizante das vacinas reduz com o passar do tempo. Ou seja, a discussão será se vacinaremos ou não todos com a terceira dose em 2022.
Defendo antes disso a vacinação da dose de reforço para os profissionais de saúde, ainda que os estudos científicos não apontem a necessidade dela. Esses heróis da saúde merecem todo nosso apoio e suporte sempre. Até que a Covid-19 vire uma doença endêmica e controlada, precisamos fazer nosso dever de casa: vacinar, vacinar, vacinar.
Dr. Carlos Eduardo de Mattos é vereador do Rio (Podemos) e doutor em cardiologia pela UFRJ