Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) Jonas Pereira / Agência Senado
As primeiras denúncias surgiram após pressões atípicas exercidas sobre um servidor do Ministério da Saúde responsável pela liberação aduaneira das vacinas relatadas em inquérito conduzido pelo Ministério Público. A partir desta denúncia inicial outras foram surgindo, mostrando a extensão do esquema e seu enraizamento no governo federal. Prova disso foi a confecção de um roteiro ensinando a fraudar licitações públicas e posteriormente compartilhado com pessoas e empresas apontados como integrantes do esquema para desvio de recursos.
Os depoimentos colhidos e os documentos anteriormente recebidos pela CPI da Pandemia reforçam a existência do esquema, sendo o silêncio dos acusados de integrá-lo prova inequívoca de que alguma coisa fora do comum permeia as negociações para compra de vacinas e as empresas intermediárias escolhidas para tal. Da mesma forma, as reiteradas tentativas de não comparecimento - ensejando inclusive condução coercitiva para alguns - reforçam a suspeita de malfeitos nas negociatas investigadas pela CPI.
Aliás, o pavor em prestar informações à comissão parlamentar de inquérito é compartilhado entre todos aqueles apontados como peças-chave do esquema, que buscam se escorar em habeas corpus para não serem obrigados a responderem aos questionamentos dos senadores. Quando não se calam, alegam não se lembrar dos fatos ocorridos, mesmo com a profusão de provas documentais das relações próximas desfrutadas pelos envolvidos nas denúncias.
O volume de dados reunidos e o cruzamento de informações evidenciam que a estratégia adotada pelo governo federal tem relação direta com o número de contaminações, óbitos e complicações decorrentes do novo coronavírus. Paralelamente, o esquema criado para desvio de recursos públicos por meio da compra de vacinas atrasou o início da imunização do Brasil, o que também tem relação direta com as inadmissíveis estatísticas relativas à pandemia no país.
A CPI da Pandemia chega em sua reta final e a apresentação do relatório está programada para as próximas semanas. Nele, serão reunidos robustos elementos que mostram que a tragédia humana e social causada pelo coronavírus no Brasil não foi fruto do acaso, mas resultado direto da negligência do governo federal e dos esquemas montados por seus integrantes para desvio de recursos públicos e enriquecimento ilícito. Seus crimes não ficarão impunes!
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