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O presidente Bolsonaro tem dedicado sua agenda a temas políticos e a polêmicas, o que parece só tem lhe desgastado como governante e como candidato. Poderia dar mais atenção à pauta que o elegeu e pauta um rush de iniciativas, acompanhadas de diálogo com os demais poderes, visando impulsionar a Economia e dar uma melhorada em sua popularidade, visivelmente abalada apesar de sua forte, mas insuficiente, base de apoio. Para vencer, tem de manter os 57 milhões de votos e a percepção é que, a essa altura, já perdeu a
metade.
Nas próximas semanas, vai ter relatório da CPI, decisões do STF e votações no Legislativo que não devem ser de seu agrado. Seria mais sábio reagir com propostas e atos concretos pelo emprego, o progresso, o investimento, e não com os palavrões tão de seu agrado.

Como o governo não tem recursos, está limitado, inclusive, pela impossibilidade real de aumentar a receita, deveria criar pacotes para desburocratizar a atividade empresarial, no comércio exterior, no acelerar das ZPEs, já com legislação aprovada, e liberar operações com outras moedas. Poderia propor que a União não tivesse a obrigação de recorrer em causas que envolvessem menos de 150 mínimos e cancelar as que estão abaixo de R$ 15 mil de imediato. E desobstruir o Judiciário. São medidas que se supõe independentemente do aval de outro poder.

Por outro lado, acelerar enquanto é tempo a venda das carteiras de ações do BNDES, da Petrobras e outras. Abrir logo os portos, cujos resultados da maior presença de operadores privados têm se revelado positiva. O Brasil tem pressa e ele também. Não há militância fanatizada que ganhe eleição com desemprego, inflação e confusão.

No campo do Legislativo, seria de bom tom colocar na pauta de seus aliados a votação da segunda instância, sobre a qual estranhamente silenciou. Andou criticando o STF, mas não sobre esta decisão que chocou a sociedade. Também poderia mostrar aos aliados evangélicos que restabelecer o jogo, bingos e máquinas seria um ato cristão pela simples geração de cerca de 200 mil empregos diretos no curtíssimo prazo. Aliás a
Câmara já deu um passo e ele poderia apoiar e não ficar a reboque.

Conversar com empresários, lideranças novas como o presidente da Associação Comercial do Rio, José António Nascimento Brito, retomar o diálogo com o liberal Salim Mattar, abandonar a conversa com o peleguismo patronal, desmoralizado e aproveitador. Em audiências e não jantares onde gosta de contar anedotas.

Na área da pandemia, agora com vacinação garantida, abrir para o setor privado, que pode ajudar a acelerar a terceira dose para aqueles que queiram e possam pagar. É garantir a igualdade e não discriminar quem pode pagar, gerando empregos e impostos. O mesmo modelo da influenza e com supervisão da Anvisa, é claro.

Suspender seus interlocutores do cercadinho por algum tempo, substituindo-os por valores sólidos da sociedade seria vencer a crise, recuperar credibilidade, fazendo o bem. E quem for contra esta pauta responderá perante a Nação. Acorda, presidente! O relógio marca…
Aristóteles Drummond é jornalista