Marcos EspínolaDivulgação

Aproveitando o mês no qual se comemora o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, trago aqui um tema que pode passar despercebido pelos cidadãos e formadores de opinião, mas que entendo ser de grande relevância para a sociedade: a postura de inclusão social que a Polícia Militar de todo o país, especialmente a do Rio de Janeiro, promove desde sua fundação no que diz respeito à raça, cor, classe social etc.
A corporação se apresenta como uma das mais democráticas do país. Em estudo divulgado na década passada intitulado “O negro na Polícia Militar: crime, cor e carreira no Rio de Janeiro”, o primeiro focando o policial afrodescendente no estado, foi constatado, já naquela época, que a instituição era a que mais emprega negros no Rio. O levantamento apontou ainda que 60% da tropa, considerando oficiais e praças, são afrodescendentes, percentual que sobe para 66% se for considerado somente os praças.
E mesmo sem estatísticas atuais podemos arriscar que essa realidade permanece. Se na ocasião os negros na PM chegavam a 42% dos oficiais da corporação, hoje a estimativa é que esse percentual gire em torno dos 50%, algo que não se vê em nenhuma outra instituição pública e nem privada do país.
Vale ressaltar que a carreira militar se dá com base na meritocracia, ou seja, todos de forma igualitária buscam crescer na corporação, que prioriza os critérios de qualificação e capacitação. Cada candidato compõe a sua história, galgando cada degrau de sua carreira, com estudo, disciplina e dedicação, independentemente de quem seja. E o que internamente é reconhecido, pois no estudo 75% dos entrevistados acreditavam que na PM não existe racismo, infelizmente não chega a opinião pública, ou seja, uma informação importante e que não é de conhecimento da sociedade.
Numa realidade na qual a violência urbana alcançou índices extremos nas últimas décadas, quando se fala que a polícia do Rio é a que mais mata, também se deve lembrar que ela também é a que mais tem baixa. E dessas mortes de policiais a maioria são de negros. Segundo o Anuário 2020 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 65,1% dos 172 policiais assassinados no Brasil como um todo em 2019, de folga ou em serviço, era negro, ou seja, significando que dois em cada três policiais mortos.
Com todo esse cenário, fica nesse mês da consciência negra o desejo de que haja por parte de todos um reconhecimento à uma corporação centenária quanto a sua capacidade inclusiva, de responsabilidade social e de igualdade.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública