Julio FurtadoDivulgação

No final da década de 1990 os militares norte-americanos, questionando os problemas estratégicos que vinham enfrentando, afirmaram que estavam vivendo num mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo e a sigla dessas palavras em inglês deram origem ao que chamamos mundo VUCA. O mundo empresarial, mais que depressa incorporou a expressão para traduzir a realidade que obriga a enfrentar cenários cada vez mais incertos e complexos.
Uma das principais características do mundo VUCA é a dificuldade de se prever o futuro, que, na verdade sempre existiu no sentido de se fazer uma previsão a longo prazo. A questão é que no mundo VUCA, essa impossibilidade se aplica até mesmo ao futuro mais próximo e não conseguimos fazer a previsão das próximas 24 horas. A “Volatilidade” refere-se ao fato de tudo ser impermanente e fluido e mudar o tempo todo com uma velocidade cada vez maior com impactos na vida humana e na natureza. A Incerteza (“uncertainty”) vem do fato de tudo ser probabilístico, imprevisível, não se sabe o que pode acontecer.
A Complexidade resulta de tudo estar interligado e interconectado, formando uma imensa rede que envolve tudo, não há nada isolado no universo físico, vivo e humano. Por fim, o mundo é Ambíguo por não existirem definições absolutas. Tudo pode ter diferentes explicações, interpretações e possibilidades.
A pandemia de covid 19 veio ratificar esse mundo e nos acordar com relação a essa realidade e estamos, todos, perplexos diante dessa nova forma de estar no mundo, de se relacionar com as pessoas e de se preparar para o amanhã. Nesse cenário, a Educação sofre de maneira peculiar, pois ela sempre foi vista como o caminho para construir um futuro melhor.
Educar no mundo VUCA exige a capacidade de ter uma visão holística e sistêmica, que aponta para a interligação de tudo no universo. É urgente educar para que a criança se sinta parte da biosfera, para que busque a subsistência e a conservação das condições de vida no planeta. É fundamental educar para a abertura para o novo, para o planejamento e para o enfrentamento de momentos disruptivos. A expressão “e se...” nunca foi tão necessária ao ato de planejar. Enfim, educar para que tenhamos ousadia reempreendedora, coragem de largar o velho e partir para um novo tempo mais humano e cuidadoso.
Júlio Furtado é professor e escritor