André Luis MessiasDivulgação

Ontem, 4 de março, foi celebrado o Dia Mundial da Obesidade. Mas não há muitos motivos para se comemorar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade um problema de saúde pública mundial, responsável por milhões de mortes anualmente e fator de risco para outros problemas, como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, como colesterol e triglicérides, problemas respiratórios, diversos tipos de câncer acidente vascular cerebral, depressão e doenças cardiovasculares.
Neste dia, o momento é de reflexão. Afinal, a prevenção da obesidade é mais eficiente do que a cura. Portanto, hábitos preventivos, como um estilo de vida ativo e saudável, devem ser adotados como forma de proteção contra essa doença.
A obesidade é definida como excesso de gordura corporal. Uma das formas de ser diagnosticada é pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), ferramenta simples, de zero custo, e que, apesar de ter suas limitações (como a não distinção da massa muscular), é considerado um ótimo método de avaliação do estado nutricional. O IMC é calculado pela divisão do peso pela estatura ao quadrado. São considerados indivíduos obesos aqueles com IMC igual ou superior a 30. Pessoas com IMC entre 25 e 29,9 devem ligar o alerta, uma vez que esses valores constituem sobrepeso, o que já acarreta em prejuízos à saúde.
A obesidade é multifatorial. Sua ocorrência depende de muitos fatores: genética, hábitos alimentares, qualidade e duração do sono e nível de atividade física. Apesar de a genética influenciar consideravelmente no surgimento e agravamento da obesidade, os dados científicos são claros ao afirmar que os hábitos comportamentais (alimentação, consumo de álcool, atividade física e estresse) representam os principais determinantes. Por isso hoje e sempre, é preciso refletir sobre como estamos vivendo para que não tenhamos ou pelo menos minimizemos os riscos de sermos obesos.
Uma análise rápida no cenário atual é sinal de preocupação com relação ao futuro. O número de crianças obesas é extremamente preocupante e requer uma atenção especial e urgente. É triste e lamentavelmente constatarmos crianças passando grande parte do tempo diante de telas, fato que se agravou na pandemia da covid-19, e se movimentando cada vez menos. Crianças obesas tendem a ser adultos obesos. E o pior: com uma obesidade mais agressiva ao organismo.
Por isso, é preciso estimular os movimentos, as brincadeiras e, obviamente, a alimentação saudável. Uma criança que pratica atividade física de forma regular e tem uma alimentação saudável terá menos risco de ser obesa e, com isso, suas chances de ser um adulto saudável são maiores. Como professor, vejo muitas praticando atividades físicas somente nas aulas de Educação Física. Esse quadro precisa ser urgentemente revertido. Precisamos nos movimentar.
Lutar contra a obesidade não é uma questão estética. A obesidade é uma doença, um fator de risco. Enfrentar esta doença é urgente. Quando promovemos à saúde, prevenimos a doença. Por isso, movimente-se e tenha hábitos saudáveis. Vamos à luta: promova o bem-estar.
André Luis Messias é professor de educação física, mestre em Ciências Cardiovasculares pelo Instituto Nacional de Cardiologia e doutorando em Epidemiologia em Saúde Pública na Fiocruz