Marcos Espíndola - advogado criminalistaDivulgação

Passados dois anos de pandemia, no qual o mundo todo já enfrentava um inimigo silencioso e altamente letal, numa guerra pela sobrevivência diante do covid-19, assistimos perplexos a invasão da Rússia à Ucrânia, numa ação de massacre e genocídio que, no mínimo, com diplomacia e respeito à soberania poderia ser evitada. E essa guerra que já dura mais de uma semana se apresenta de várias formas, demostrando todo o lado de uma gestão tóxica e autoritária que trará consequências para o mundo inteiro. Mas não existe mais lugares no mundo para ditadores.

Wladimir Putin é um perfil que vai na contramão do mundo democrático. Autoritário, busca resgatar o perfil imperial de uma União Soviética que já não existe mais, deixando claro seu desejo pessoal que nada tem a ver com a defesa de sua nação e o bem coletivo.

Ele promove uma guerra da informação, cibernética e bélica. Putin usa fake news para justificar suas ações. Uma delas é de que o atual governo ucraniano tem a participação de elementos neonazistas e que parte do que considera ser sua missão é a "desnazificação" de Kiev. Mas não é bem assim, pois historiadores afirmam que de acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos EUA, meio milhão de judeus ucranianos foram mortos pelas forças nazistas e colaboradores, não justificando a alegação do russo, pois embora tenham núcleos simpatizantes ao nazismo, eles não têm atuação política no país.

Paralelamente, age no ambiente cibernético, com ataques a sistemas bancários, órgãos governamentais e diversas operadoras (energia, internet, telefonia etc.), além de indústrias para causar o caos no país opositor.

E, obviamente, a frente bélica, cuja Rússia possui um dos maiores poderio militar do planeta, invadindo e destruindo a Ucrânia, matando civis, inclusive, com bombas de fragmentação, proibidas por seu efeito avassalador e que alcançam a superfície equivalente a vários campos de futebol.

Tudo isso coloca o mandatário russo numa situação muito delicada, pois está claro o seu desrespeito aos princípios do Memorando de Budapeste, assinado pela Rússia e especificamente destinado a proteger a Ucrânia de invasões, além de violar a lei internacional constante na Carta da ONU ao invadir outro Estado membro, caracterizando crime de agressão, que foi considerado crime internacional supremo pelo Tribunal de Nuremberg após a Segunda Guerra Mundial.

Procuradores do Tribunal de Haia dizem de que há base razoável para acreditar que tanto os supostos crimes de guerra quanto aqueles contra a humanidade estão sendo cometidos na Ucrânia e Putin pode ser punido severamente. Enfim, Putin aposta num modelo de gestão que, definitivamente não cabe mais num mundo democrático do século 21, deixando claro todo os riscos de um regime autoritário.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública