Isa ColliDivulgação

Amanhã, 22 de março, se comemora o Dia Mundial da Água, esse bem precioso que literalmente move a nossa vida. Sem ela não vivemos. No meu livro infantil “A Nuvem Floquinho”, mostro aos pequenos o exemplo da nuvemzinha que, diante dos desperdícios de água no planeta e da poluição das reservas naturais, adotou medidas essenciais para a sobrevivência da Terra. Uma história para conscientizar a futura geração.

Crianças aprendem mais rápido a lição que os adultos parecem ignorar. Um estudo divulgado pela Agência Brasil - o Mapa da contaminação - revelou que produtos químicos e radioativos foram encontrados em testes feitos com água da torneira em 763 cidades brasileiras. Um verdadeiro absurdo.

A pesquisa mostra, ainda, que todos nós bebemos pequenas doses diárias de substâncias químicas e radioativas. São agrotóxicos e outros resíduos da indústria que se misturam aos rios e represas. Alguns especialistas defendem que não há risco se elas estiverem dentro do limite regulamentado. Outros argumentam que as doses aceitas no Brasil são permissivas, pois são bem mais altas do que as da União Europeia.
E como fica a população em meio a essa queda de braço? Se, de fato, os rios e represas estão contaminados, estamos em risco, já que essas substâncias são prejudiciais à saúde. O consumo diário aumenta o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso, dependendo do produto.

Os dados são resultados de testes feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde. Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água.

A contaminação contínua, cenário de maior risco, ocorreu em 82 cidades do Brasil. O Rio de Janeiro viveu um drama recente com água para consumo contaminada com geosmina, substância que deixava a água apresentando forte cheiro, coloração turva e um gosto desagradável por semanas. Logo a água que aprendemos desde pequenos que é insípida, inodora e incolor. Foi um caos. Um ano depois, o estado voltou a ter problemas de cheiro e gosto de terra na água fornecida.
O tratamento usado pela Cedae para supostamente combater a poluição do Rio Guandu não apenas não funcionou, como ainda lançou um novo poluente — o lantânio, um metal tóxico — na água consumida por nove milhões de pessoas do Grande Rio, segundo pesquisadores. E até hoje não temos a certeza de que o problema foi solucionado.

Voltando à história da nuvemzinha ambientalista, desejo que os adultos sigam o exemplo das crianças e reconheçam a importância da água para a nossa sobrevivência e a do planeta.
Isa Colli é jornalista e escritora