Deputado Eliomar Coelho (PSB)Agencia O Dia

Pratinha é músico e coordenador político do mandato do deputado estadual Eliomar Coelho (PSB) - divulgação
Pratinha é músico e coordenador político do mandato do deputado estadual Eliomar Coelho (PSB)divulgação
“O suburbano, quando chega atrasado, o patrão mal-humorado, diz que mora logo ali (…) imagine quem vem lá de Japeri”. Esses versos são de “33 Destino D. Pedro II”, samba-enredo da Escola de Samba Em Cima da Hora de 1984, que será reeditado no desfile deste ano. Nele, os autores, Guará e Jorginho das Rosas, apresentam, de forma lúdica, como deve ser, personagens reais que, desde Japeri, no limite da Baixada com o Centro-Sul Fluminense, até a Central do Brasil, atravessam seis cidades e muitos bairros das zonas Oeste e Norte cariocas.
Esses trabalhadores, no seu cotidiano, têm pouco espaço, literalmente, para fazer ou achar graça. Diariamente são humilhados, moral e fisicamente, por uma empresa que não respeita o seu público-alvo. Vivemos um caos no sistema de trens. Todos os dias, estações e ramais inteiros ficam horas parados. Por outro lado, o governo do estado, como contratante, não fiscaliza direito e nem impõe condições que favoreçam os usuários.
Na CPI da Supervia, em andamento, nosso mandato ocupa a vice-presidência. Arregaçamos as mangas. Aliás, como na CPI dos Transportes, que presidimos em 2018, quando produzimos muito conteúdo e propostas até hoje não efetivadas.
Como nossa atuação na Alerj articula as políticas urbana e cultural, gostaríamos de chamar a atenção para outro aspecto do modal trem: o quanto a prestação do serviço interfere no comportamento, no bem-estar ou não, na vida social, no tempo, e, portanto, também na prática cultural dos usuários.
Ao longo de todas as estações e ramais existem pessoas, lugares e histórias de vida. E o serviço de trens, atravessando e dividindo regiões, sendo parte disso, deveria ter um olhar mais humano. Não podemos aceitar que trens — e outros meios de transportes — desapareçam sábados à tardinha e aos domingos e feriados. É como se dissessem: só queremos transportar vocês em horário comercial, quando podem ir lá dar lucro aos seus patrões. E não para ir aos bailes Funk, às escolas e rodas de samba, às igrejas, aos terreiros, visitar parentes, ir às praias etc. E muito menos pensando nos trabalhadores que pegam pesado no batente nesses dias e horários “não comerciais”.
Ainda no aspecto cultural desse meio de transporte, precisamos voltar a falar dos trens turísticos, incentivar o desenvolvimento regional no interior do estado. Em vários estados e cidades esse debate está acontecendo, então por que não o fazer aqui no Rio? São várias formas de integrar políticas públicas que geram emprego e renda, melhorando a mobilidade todos os dias, além de trazer qualidade de vida e Cultura para a população.
Precisamos urgentemente mudar. Chega de vivermos nos anos 1940 ainda sob a rege daquele outro famoso samba: “Patrão, o trem atrasou, por isso estou chegando agora (…) o senhor não tem razão, para me mandar embora.”
Eliomar Coelho é deputado estadual (PSB) e presidente da Comissão de Cultura da Alerj

Pratinha é músico e coordenador político do mandato parlamentar